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Dinheiro do FMI saiu barato para o Brasil

O acordo que o governo brasileiro fechou com o Fundo Monetário Internacional, FMI, saiu barato para o País. Especialistas dizem que nenhuma outra linha de crédito externo permitiria ao Brasil neste momento pagar menos do que 20% ao ano de juros.

Pela parte que sacar dos US$ 30 bilhões de dinheiro disponível do acordo o governo vai pagar 2,22% de juros ao ano. Essa é a atual taxa básica de juros do FMI, calculada com base nos juros dos Estados Unidos, da Inglaterra e do Japão. Há, ainda, um adicional de cerca de 1% ao ano, taxa que varia conforme o montante de recursos de cada acordo e das condições do país que está recebendo o empréstimo.

A taxa de 2,22% mais o adicional de 1% vale para dois terços do acordo fechado na semana passada. Para o restante, a taxa adicional varia de 3% a 5% anuais. Alternativas mais caras Segundo Júlio Callegari, economista da Tendências Consultoria Integrada, se não fosse ao FMI, o Brasil captaria recursos no mercado internacional a taxas em torno de 25% ao ano. Esse é o retorno dos títulos da dívida externa brasileira negociados no mercado secundário ” em que são vendidos pelos investidores que adquiriram os papéis diretamente do governo brasileiro.

Considerando a crise de confiança que o Brasil atravessa (ou atravessava, antes do acordo com o Fundo), talvez o País tivesse que pagar mais caro ou nem conseguisse o dinheiro, afirma Callegari. Se optasse pela captação de recursos de bancos e investidores estrangeiros, o governo brasileiro gastaria muito mais para conseguir valores muito inferiores aos do acordo com o FMI.

Preço justo– Na avaliação de Emílio Garofalo, ex-diretor do Banco Central e hoje consultor de Câmbio e Comércio Exterior, o preço dos recursos do FMI é justo, principalmente considerando que o Brasil é um país à beira de uma crise. O economista faz outra comparação de custos de um empréstimo externo.

A taxa de risco do Brasil na casa dos 2.000 pontos-base significa que para conseguir dinheiro no mercado internacional o governo teria que desembolsar ao ano 20% de juros acima das taxas dos títulos do Tesouro americano ” custo inviável para o País e pouco vantajoso para os investidores diante do risco de calote. Para Garofalo, nem mesmo as temidas exigências do FMI para levar o acordo adiante foram pesadas desta vez, ao contrário do que costuma acontecer.

Basicamente, tudo o que foi pedido já está sendo feito ou previsto. Basta saber se o próximo presidente da República vai concordar com todos os termos do acerto feito pelo atual governo, como as metas de superávit fiscal e de inflação. Mas essa é outra discussão, que deve ficar para 2003.

Rejane Aguiar

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