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Empresas de petróleo buscam negócios viáveis no Brasil

A falta de grandes descobertas de petróleo no Brasil já está começando a preocupar as empresas do setor que rumaram para o país depois da abertura do mercado de exploração do produto.

Atualmente, há 43 empresas do setor atuando no Brasil, em negócios puramente privados ou em parcerias com a Petrobras.

Embora vários indícios de petróleo já tenham sido encontrados, nenhum deles foi declarado comercialmente viável. A viabilidade depende da qualidade e da quantidade de óleo encontrada no poço.

Executivos do setor reunidos no Fórum sobre Energia e Desenvolvimento no Brasil, realizado em Londres, disseram que o problema não é suficientemente grave para afugentar investimentos, mas concordaram que trata-se de um fator negativo.

Descoberta

“Basta uma grande descoberta para que todo o quadro mude. Se ela não acontecer nos próximos dois anos, acredito que, então, podemos considerar o problema mais grave”, disse o gerente de exploração para Europa, Norte da África, Ásia e América Latina da petrolífera anglo-americana Amerada-Hess, Andrew Lodge.

Para o executivo, o Brasil deveria tomar medidas para incentivar as empresas a continuarem com as pesquisas.

Lodge citou a necessidade de melhorias na estrutura fiscal e a criação de incentivos para explorações em alto-mar, nas chamadas regiões de águas ultra-profundas (acima de mil metros), onde acredita-se que esteja a maior parte do óleo brasileiro.

Até agora, a descoberta com maior possibilidades de se tornar um projeto comercial foi feito no Bloco 4 da Bacia de Santos (BS-4). O projeto é liderado pela Shell e conta com a participação da Petrobras e da Chevron-Texaco.

Potencial

“Estamos avaliando o potencial da descoberta e, se ele for comercialmente viável, os investimentos no desenvolvimento do campo de produção podem chegar a US$ 1,5 bilhão”, disse o diretor para África e América Latina da Shell, Leo Watts.

O executivo observou que estas dificuldades podem ser normalmente encontradas em regiões ainda pouco exploradas, como o Brasil, que até 1997 só contava com a Petrobras para pesquisar o subsolo.

“Em Omã, a primeira descoberta significativa aconteceu 47 anos depois das primeiras explorações”, disse Watts.

O diretor-técnico da empresa britânica Enterprise Oil, Ian Craig, admitiu durante sua palestra que a falta de descobertas no Brasil é decepcionante.

“Mas nosso negócio está acostumado a decepções que, depois, podem ser revertidas”, observou.

Paulo Cabral

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