Empresas descobrem meios para driblar o risco político
O mercado não pára de inventar saídas para driblar o risco político (de moratória) do Brasil e, assim, reduzir o custo da captação externa de grandes empresas brasileiras. Como opção ao seguro tradicional, que hoje pode chegar a 5% para prazos longos, a Petrobrás conseguiu do BBVA uma carta de crédito que lhe custou apenas 0,9% ao ano, em seu bônus de US$ 400 milhões.
Uma outra estrutura que afugenta o risco político são as securitizações de recebíveis de exportação ou de fluxos financeiros dos bancos, que ganharam força desde o ano passado. A Embratel estuda realizar, no fim do ano, uma grande operação com títulos em recebíveis de ligações telefônicas para fora do país. Os títulos serão lastreados nos recursos que a empresa vai receber de suas parceiras no exterior em um sistema de compensação internacional.
A Aracruz acaba de captar US$ 300 milhões de um total de US$ 1 bilhão com a securitização de recebíveis de exportação. A Votorantim está seguindo o mesmo caminho e montando operação de US$ 1 bilhão.
Uma das mais recentes alternativas é a utilização dos fundos cativos de seguro (“captive”). Três empresas brasileiras já os usaram para seguro de crédito à exportação. Mas, agora, a estrutura vai garantir uma das parcelas de US$ 100 milhões de vencimento em dois anos do empréstimo de US$ 300 milhões que a Embratel está tomando.
Os fundos cativos de seguro têm um prêmio que não passa de 1,5% para a cobertura de risco político. A empresa deposita um valor equivalente ao prêmio do seguro no fundo. Se a moratória brasileira não acontecer no prazo previsto, a empresa pode receber o dinheiro de volta, mais um rendimento.
Cristiane Perini Lucchesi