Notícias

Energia subiu 22,7% em menos de um ano

Guarulhos, 06 de março de 2002

Quem passou a economizar energia após o início do racionamento e resolveu voltar ao nível de consumo que era habitual antes de junho do ano passado vai ter uma surpresa na conta: ela estará cerca de 22,7% mais cara.

Em junho de 2001, o kilowatt/hora cobrado pela Eletropaulo era de R$ 0,16232, para quem consumia de 101 a 200 kw/h por mês. Isso significava que uma pessoa com consumo mensal de 200 kw/h, por exemplo, pagava uma conta de R$ 36,88, já incluído aí o valor pago a título de ICMS.

No mês seguinte ao início do racionamento, porém, o valor da mesma conta já havia saltado para R$ 43,03, por conta de um reajuste de 16,61% (o kw/h passou a custar R$ 0,18937 para essa faixa de consumo). Esse reajuste, porém, nada teve a ver com as medidas de racionamento – tratava-se do reajuste anual feito pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), com base na variação dos 12 meses anteriores do Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) – uma espécie de taxa de inflação medida pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) -, que foi de 11,19%, mais os gastos de custos não-gerenciáveis, como a energia comprada de outras empresas e a Conta de Consumo de Combustível (CCC).

Dois reajustes por conta do racionamento

Em 27 de dezembro, passou a valer o aumento de 2,9% na tarifa.

Dessa vez, a causa estava diretamente relacionada ao racionamento. O objetivo era a recomposição dos custos das distribuidoras, que alegavam perdas de receita provocadas pelo racionamento.

Assim, uma pessoa que consumia 200 kw/h por mês passou a pagar, pela conta, R$ 44,28 – o preço do kw/h para essa faixa de consumo passou para R$ 0,19486.

Neste mês, a energia elétrica para os consumidores residenciais terá mais um aumento, de 2,27%. O motivo é o início da cobrança da taxa denominada “encargo de capacidade emergencial”, que será usada para cobrir a despesa anual de R$ 1,4 bilhão para a contratação de 57 usinas que ficarão disponíveis até 2005 para completar o abastecimento de eletricidade até a recuperação dos reservatórios das hidrelétricas. Este aumento representa quatro vezes mais o índice de inflação de janeiro – de 0,57%, segundo o IPC da Fipe.

Com esse novo reajuste, a conta do mesmo consumidor – que consome 200 kw/h por mês – vai passar para R$ 45,28, porque o kW/h vai subir para R$ 0,19928.

Isso significa um aumento de R$ 8,40 na conta, de junho do ano passado até agora. Ou 22,7% de reajuste total.

De 1995 para cá, conta dobrou de valor

“Os reajustes que ocorreram após o início do racionamento de energia não foram muito altos, apesar de terem sido significativos”, diz o professor do Programa Interunidades de Pós-Graduação em Energia da USP, Ildo Sauer. Para ele, atenção maior deve ser dada aos reajustes anteriores, quando nem se imaginava o racionamento de energia. “De 1995 para cá, houve um aumento de mais de 100% nas tarifas”, afirma.

Nas estimativas de Sauer, apesar da suspensão do racionamento, até o final do ano as contas dos consumidores residenciais ainda deve subir cerca de 20%. “Essa é a previsão mais otimista”.

AIANA FREITAS