O Fundo Monetário Internacional (FMI) acredita que o Brasil já está suficientemente reforçado para enfrentar quaisquer efeitos nocivos da crise financeira argentina e, por isso, não necessitaria de mais dinheiro do organismo no momento. De qualquer forma, havendo uma emergência, o Fundo estaria disposto a dar uma nova ajuda ao país.
O diretor de relações externas e principal porta-voz do Fundo, Tom Dawson, disse nesta quarta-feira que, ao contrário do que acontece com o Uruguai, não vem sendo considerada uma ampliação do atual programa de ajustes do Brasil com o FMI. Na terça-feira o organismo liberou US$ 4,8 bilhões para o governo brasileiro, que já tinha à sua disposição uma parcela de US$ 5,2 bilhões liberada meses atrás.
Compromissos honrados – Agora resta pouco menos de US$ 1 bilhão para desembolso até dezembro, quando vence o atual acordo:
– Nós vamos lidar com o futuro quando o futuro chegar, mas no momento as autoridades brasileiras estão bem armadas, bem fortificadas e bem motivadas para ir adiante – disse Dawson.
Quando um dos repórteres argumentou se dispor, daqui por diante, de menos de US$ 1 bilhão para sacar não seria muito pouco, o funcionário do Fundo rebateu:
– Essa é uma maneira inteiramente equivocada de se olhar o Brasil. O Brasil é uma economia vibrante com dezenas de bilhões de dólares em reservas, e dizer que resta apenas um bilhão no programa do Fundo e que isso poderia ter um determinado significado é fora de cabimento.
O porta-voz foi enfático ao responder se o FMI acredita que o Brasil será capaz de honrar as suas dívidas a médio prazo, ao contrário do que temem alguns operadores do mercado financeiro internacional:
– Sim, nós acreditamos nisso – respondeu Dawson.
Preocupação é relativa -Dawson acrescentou que o Fundo apóia fortemente os esforços das autoridades brasileiras, e elogiou as medidas adotada pelo governo para enfrentar as recentes especulações do mercado em relação à possibilidade de Luís Inácio Lula da Silva ser eleito presidente:
– As autoridades tomaram decisões ousadas rapidamente, sem esperar que os acontecimentos as forçassem a agir. Isso é coerente com a forma de agir adotada pela equipe econômica nos últimos três anos e meio. Agora ela tem o seu arsenal, como eu disse, fortificado para ser capaz de lidar com as difíceis condições do mercado.
Dawson disse, ainda, que há claras preocupações do FMI em relação à dívida pública do Brasil, assim como com a inflação. Mas ressaltou que isso deve ser considerado no contexto da ação do governo que, repetiu, tem sido rápida e ousada.
José Meirelles Passos