Fusão de bancos encurta crédito à média empresa
Os bancos independentes, voltados ao chamado “middle market” – empresas de médio e pequeno portes – estão lentamente desaparecendo. A venda do Sudameris e Mercantil de São Paulo para Itaú e Bradesco estreitou ainda mais o universo desses que se colocavam como bancos de nicho. De cinco anos para cá, o número de bancos com esse perfil caiu de 50 para 7, considerando-se só os mais expressivos. Esse número cairá novamente se a venda do Banco Cidade for concretizada.
Quem ficou espera ganhar negócios de clientes que vão perder parte da linha de crédito que tinham no Sudameris e no Mercantil. Rural, Santos, BMC e BCN (comprado pelo Bradesco há cinco anos) estão na disputa. O problema ficou para os clientes: “Uma empresa que tem um limite de crédito de R$ 1 milhão no Sudameris e R$ 1 milhão no Itaú não vai ficar com R$ 2 milhões. A tendência é ela perder parte importante de seu limite de crédito, e isso se o Itaú interessar-se em manter pelo menos uma das linhas”, alerta Osvaldo Calixto, vice-presidente da Anefac.
“Um mais um nunca é igual a dois quando se tem uma fusão de bancos”, concorda José Roberto Salgado, diretor do Banco Rural, um dos poucos que ficaram no “middle market”. “Quando um banco sai, ninguém absorve o risco. Então a tendência é a carteira dos bancos (comprados) diminuir e, num primeiro momento, a situação fica mais difícil para a empresa”, admite Andrea Pinheiro, diretora-executiva do Banco BMC. Nos balanços divulgados pelo Bradesco (para o ano de 2001) e pelo Itaú (até setembro, último dado disponível), enquanto as carteiras de corporate (grandes empresas) e de pessoas físicas cresceram de 20% a 50%, as de micro, pequenas e médias empresas caíram 0,6% no Bradesco e cresceram apenas 7% no Itaú.
Janes Rocha