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Gasolina: mais barata no segundo semestre

O consumidor pode ser beneficiado com uma queda-de-braço que vem sendo travada entre distribuidoras e a Petrobrás. Elas negociam contratos de fornecimento baseados em regras que podem forçar a redução dos preços dos combustíveis. O setor está passando por um processo de desregulamentação e, em breve, a estatal não poderá estabelecer cotas ou um preço fixo para os produtos entregues às distribuidoras. Com a concorrência, o preço nos postos deve baixar.

Os contratos deveriam ser assinados no início de junho, mas a Petrobrás pediu adiamento para julho. Enquanto isso, as distribuidoras ganham força criando subsidiárias para importar combustíveis.

Primeiro foi a Esso, depois a Shell e agora a Texaco: as duas primeiras já têm suas subsidiárias e a terceira informa que também está criando uma empresa para importações. De acordo com seus executivos, elas não devem optar agora pela importação, mas estão se preparando para quando as condições forem favoráveis.

Na prática, as empresas seguem o exemplo da Companhia Vale do Rio Doce, que conseguiu negociar preços compatíveis com os do mercado externo e reduzir seus gastos com o insumo, ao ameaçar com a importação.

As negociações de contratos de fornecimento são um dos frutos da abertura do setor, no início do ano. Antes, as empresas tinham um volume mensal determinado para retirar das refinarias da estatal. Os preços eram os mesmos para todos. O novo modelo prevê preços livres e o fim das cotas.

Cada empresa terá de negociar preços e volumes com a estatal. “A Petrobrás está bem mais consciente da nova concorrência e mais aberta para negociar contratos de fornecimento”, diz o presidente da Texaco Brasil, Bruce Comrie.

Segundo informações de mercado, as empresas negociam, além do preço, prazos de pagamento e condições especiais de logística, que podem se refletir no custo final dos produtos. A dificuldade nas negociações era esperada. “É um momento crítico”, resume o executivo de uma grande distribuidora.

“O problema é sair de um mercado engessado para um com perfil de mercado maduro”, concorda o gerente de suprimentos da Shell Brasil, Flávio Ofiugi Rodrigues. A transição resume-se na política de preços da Petrobrás e na regulamentação. A Agência Nacional do Petróleo ainda trabalha em uma compilação de portarias que vai reger as relações entre produtores e vendedores de combustíveis.

A nova regulamentação deve proteger as pequenas distribuidoras, que teriam dificuldades na negociação dos contratos. Mesmo assim, especialistas dizem que deve haver concentração. A estimativa é que o setor terá entre 50 e 70 distribuidoras em um futuro próximo, contra as quase 200 que existem atualmente.

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