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Gasto em padaria é 50% da despesa em supermercado

Guarulhos, 09 de maio de 2002

arteInteressadas em checar o real potencial das padarias como ponto de venda, grandes indústrias fornecedoras do varejo como Unilever, Ambev e Souza Cruz encomendaram uma pesquisa com resultados reveladores, e mesmo curiosos. Um exemplo é o gasto diário do brasileiro nas panificadoras, de R$ 3,50 em média, chegando a R$ 50 por mês. O valor equivale à metade dos gastos mensais nos supermercados, que segundo a pesquisa é da ordem de R$ 100.

Outro dado interessante é que 6 de cada 10 brasileiros entram todos os dias nesses estabelecimentos. “Por estarem localizadas próximas da residência do consumidor e por agregarem cada vez mais produtos, as padarias estão sendo mais procuradas”, ressalta Ricardo Migliano, presidente da consultoria P.O.P.A.I (Point of Purchase Advertising International), que realizou a pesquisa.

Uma informação curiosa do levantamento é que as tardes de terça-feira são o período preferido pelos homens solitários, na faixa dos 30 anos de idade, para as compras de abastecimento nas ?padocas?. “Provavelmente, este é o dia de repor o abastecimento, alto no final de semana e zerado na segunda-feira”, justifica Migliano. Os homens, aliás, respondem pela maior frequência nesses estabelecimentos (58,7% do total).

Os detalhes da pesquisa tabulada pela P.O.P.A.I deverá ser divulgada durante a Feira Internacional de Panificação e Confeitaria (Fipan 2002), que acontece entre os dias 14 e 17 de maio no Expo Mart Center, em São Paulo. O trabalho foi realizado em 176 lojas especializadas em São Paulo, Campinas, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte e Recife.

Para o presidente do Sindicato da indústria de Panificação e Confeitaria do Estado de São Paulo, Frederico Maia, o estudo comprova o potencial desse mercado. “Antes as indústrias não tinham a dimensão do grande mercado de padarias que movimentam R$ 21,2 bilhões”, ressalta. Atualmente existem 52 mil padarias no País, 11 mil delas localizadas em São Paulo. Para Maia, a diversificação é necessária para que as padarias sobrevivam. “O mercado está se adaptando. Um bom exemplo são as novidades apresentadas em eventos como a Fipan”, comenta o sindicalista.

D fato, a tradicional padaria Santa Teresa, que existe desde 1872 no centro da cidade passou por grandes modificações. De acordo com o proprietário Jesus Maturama, que controla o negócio desde 1995, a padaria vem mantendo a mesma tradição de mais de um século, mas com algumas inovações. “Aumentamos a gama de produtos para mais de 100 itens e oferecemos serviços de entrega. Com isso crescemos 20% neste primeiro trimestre e 30% em 2001”, diz Maturama.

A Basilicata, outra tradicional da cidade com 88 anos, diversificou sua atuação para crescer. Além da loja da Bela Vista, na zona Central da cidade, que vende mais de 50 itens entre pão italiano, sardela e doces, a panificadora distribui seus produtos para 15 redes de super e hipermercados, como Pão de Açúcar, Sé e Carrefour. “Com isso, no ano passado a padaria conseguiu um crescimento de 10% nas vendas e espera superar esta meta em 2002”, explica o gerente Maurício Alberto da Fonseca.

Há 11 anos na zona Sul de São Paulo, a Barcelona conta com serviços diferenciados para cativar o consumidor, como estacionamento com manobrista, ar condicionado e refeições. De acordo com o proprietário, Vicente Safon, a receita vem garantindo um crescimento anual de 5%. “São mais de 100 mil itens entre pães, doces, lanches e frios para todos os gostos”, diz.

Daniela Nogueira