Greve na Receita prejudica indústria e população
A greve dos auditores fiscais da Receita Federal está prejudicando setores que dependem de insumos importados para produzir. Os setores eletroeletrônico, automobilístico e de máquinas e equipamentos estão entre os mais afetados. Já começam a faltar peças para carros importados e, se a greve persistir, também podem faltar alguns equipamentos nas lojas.
O presidente da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros), Paulo Saab, reclama que a greve está causando sérios problemas de fornecimento de componentes para as indústrias eletroeletrônicas.
Segundo ele, o tempo entre a chegada dos componentes ao País e sua liberação para os fabricantes do setor dobrou em função da greve, causando uma redução no ritmo de produção. Assim, podem faltar vários produtos no mercado se a situação não se normalizar.
Produções estão paralisadas
Saab diz ainda que, se a maioria das empresas trabalhava quase sem folga entre a disponibilidade de componentes e a demanda, hoje essa folga acabou. “Já estão ocorrendo paradas de produção por falta de componentes”, avisa o presidente da Eletros.
Em carta enviada à Receita Federal há 15 dias, a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) já registrava o prejuízo de algumas fábricas e previa que as exportações também estariam sendo prejudicadas agora, caso não houvesse solução.
O setor automobilístico está sendo igualmente afetado pela paralisação dos auditores. Isso porque a demora para a entrada de peças no País atinge não só as empresas que vendem carros importados, mas também montadoras nacionais que usam peças importadas na fabricação de seus produtos.
“Essa greve, apesar de não ser amplamente declarada e se resumir a procedimentos de rotina muito lentos, efetivamente nunca deixa de criar dificuldades para o setor”, diz Luís Carlos Mello, diretor-executivo da Associação Brasileira das Empresas Importadoras de Veículos Automotores (Abeiva).
Mello explica que as conseqüências só não serão maiores porque a greve está ocorrendo no momento em que os estoques dos importadores e dos revendedores estão altos. “Além disso, com o dólar em alta, as iniciativas de nacionalização das importadoras ficaram mais contidas”, afirma ele.
A Receita Federal não se manifesta sobre a greve dos auditores. Na semana passada, o senador Ramez Tebet (PMDB-MS) garantiu em plenário que o projeto que prevê as alterações no plano de carreira da categoria entraria em pauta ainda nesta semana. O Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Unafisco) diz que, se as reinvindicações da categoria não forem atendidas, a greve continuará por tempo indeterminado.
AIANA FREITAS