Notícias

Greve no sistema elétrico traz risco de apagão de volta

Guarulhos, 04 de julho de 2002

O sistema elétrico brasileiro deverá ficar mais vulnerável com a greve nacional dos eletricitários do grupo Eletrobrás prevista para ter início a zero hora de hoje com a participação de cerca de cerca de 20 mil funcionários de Furnas, Chesf, Eletrosul e Eletronorte.

Embora haja obrigatoriedade de manter os serviços essenciais e a troca de turno dos trabalhadores, a tendência é que o risco do sistema aumenta, segundo o diretor de Novas Tecnologias do Sinergia/CUT, Roberto Matias.

Sem manutenção periódica

Isso porque as manutenções periódicas dos equipamentos serão paralisadas pela falta de funcionários especializados para fazer o trabalho.

No caso de ocorrer algum problema, os eletricistas em greve serão convocados. Mas Matias alerta que isso demanda tempo.

E se houver a queda de alguma linha, por exemplo, poderá ocorrer um efeito “dominó” no sistema interligado, pois existiria uma sobrecarga das demais linhas de trasmissão, como no último apagão iniciado na usina de Ilha Solteira. Ele ressalta, porém, que o risco de blecaute é mais forte pela situação precária do sistema elétrico nacional.

Greve de advertência de 24 e 48 horas

Os eletricitários já fizeram greves de advertência de 24 e 48 horas no mês passado. Mas até o momento o governo parece irredutível para atender as reinvindicações dos trabalhadores. A paralisação deveria ter tido início na semana passada, mas o Ministério do Trabalho solicitou um tempo até segunda-feira para tentar resolver o problema. Na reunião desta semana, porém, não houve nenhum avanço e, por isso, os trabalhadores resolveram parar.

A categoria queria reajuste salarial de 16,06%, referente ao Índice de Custo de Vida (IVC) do Dieese, mais reposição de perdas acumuladas nos últimos anos, entre outras reivindicações trabalhistas.

Na última reunião os sindicalistas receberam da Eletrobrás uma proposta de 6% de reajuste, mais abono pago em duas parcelas, que não foi aceita. “Esse porcentual é inferior a qualquer índice inflacionário.”