A indústria automobilística está pronta para produzir o chamado automóvel “flexível”, que roda com dois tipos de combustível, álcool ou gasolina. Mas o setor barganha com o governo reduções tributárias antes de implementar o novo sistema. Muitas montadoras já dominam a tecnologia para produzir esses tipos de veículos, mas querem pagar menos imposto para fabricá-los. Para as montadoras, o ideal seria recolher 20% de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para os automóveis acima de mil cilindradas, mesma alíquota cobrada hoje pelo carro a álcool. O carro a gasolina paga 25% de imposto.
O automóvel “flexível” é visto pelo governo como a grande esperança para reativar o programa de apoio à produção de álcool combustível (Proálcool) e reduzir a dependência de petróleo do país. Ontem, a Fiat informou ao ministro do Desenvolvi-, mento, Sérgio Amaral, que terá condições de produzir carros flexíveis em larga escala num prazo de um ano e meio.
Em abril, a Ford apresentou seu primeiro protótipo, seguindo o exemplo da Volskwagen, que havia feito o mesmo há dois anos, no salão do automóvel em São Paulo. A General Motors também detém a tecnologia.
Os automóveis acima de mil cilindradas são o grande filão esperado desta inovação tecnológica. Os novos veículos deverão ser direcionados ao consumidor de maior poder aquisitivo, já que terão preços superiores aos automóveis comuns. Além disso, os carros com motores maiores são os que consomem mais combustível, e a opção de escolha entre álcool e gasolina faz diferença.
Está sendo avaliada também a proposta de criar novas alíquotas intermediárias entre 25% sobre os carros médios e 10% sobre veículos de mil cilindradas. O automóvel flexível também é uma garantia extra para o governo de que os consumidores estarão menos expostos a um risco de desabastecimento de álcool, como ocorreu no início da década de 90.
Rodrigo Rosa