Indústria investe em design mais simples e preços mais baixos
As indústrias de eletrodomésticos se preparam para despejar nas lojas produtos de alta tecnologia, como TVs digitais, de parede e refrigeradores com acesso à internet. Mas, observando a dura realidade do mercado brasileiro, as empresas decidiram investir também em artigos com design mais simples e sistemas menos sofisticados, que chegam a preços mais em conta.
No rol de novidades da Electrolux, por exemplo, está a lavadora de dois botões, que sai por R$ 799 – R$ 100 a menos que os novos modelos com painel eletrônico. Na linha de refrigeradores, a aposta é em modelos menores, práticos e com mais capacidade interna. A Multibrás seguiu a tendência e lançou a Consul com degelo seco, 280 litros, com maior espaço no congelador, e consumo de 23,9 kWh/mês, um dos menores da categoria.Custa R$ 789 – cerca de 10% menos do que as geladeiras de 320 litros, com capacidade pouco maior.
Apostando na recuperação das vendas com a volta gradativa dos clientes das classes C e D, a Electrolux investiu também no refrigerador de 300 litros, com puxadores modernos, espaço internomais bem aproveitado e controle externo de temperatura. Na porta há compartimentos para garrafas e porta-latas. Seu preço médio de R$ 650 vem atraindo muitos consumidores que optam pelo pagamento em dez vezes para adaptar o orçamento ao consumo.
– É uma geladeira com três vantagens: espaço maior, consumo de energia menor e preço mais acessível – explica Rafael Bonjorno, gerente de produtos da linha refrigeradores da empresa.
Segundo ele, esta linha visa a atender as pessoas quequerem trocar seus aparelhos pelos maismodernos, mas não podem enfrentar preços altos. – Este público C e D é interessante. Eles foram os responsáveis pelo boom de vendas em 1995 e 1996 e agora fazem as vendas crescerem aos poucos, mas de forma consistente, porque gostam de novidades.
Ao lançar este ano a lavadora com operação mecânica, o foco da Electrolux foi o consumidor que prefere equipamentos de fácil operação, com serviços essenciais. São dois modelos de oito quilos e o mais completo traz o tomda modernidade com o sistema de água fria ou quente, além de gaveta para amaciantes. Este modelo custa em média R$ 889 – 11% a menos que os sofisticados.
– Há casos de quem compra e nem vai usar. E quem lida com o aparelho se complica todo com o painel eletrônico. O bom resultado do lançamento está no volume de vendas acima do esperado – disse Marcelo Macedo, gerente da linha de lavadoras.
No mercado que movimentou 33 milhões de aparelhos ano passado, a Mueller Eletrônicos, de Santa Catarina, sempre direcionou a sua produção para as classes C e D e não vem reclamando dos resultados. Líder na linha de lavadora semi-automáticas, a empresa estima crescer 10% e faturar R$ 88 milhões este ano. Um passo nesta direção foi a abertura, este mês, da unidade de fogões, na cidade de Timbó, que deve terminar o ano produzindo 15 mil unidades, todas de modelos com design mais simples, mas com sistema autolimpante, tampos mais resistentes e proteção nos injetores.
Os fogões de quatro bocas chegam às lojas do Sul do país custando de R$ 189 e R$ 240 (este, com acendedor). Os novos componentes acresceram pouco ao custo dos produtos, segundo explicou o diretor superintendente da empresa, Rodrigo Kniest, que também aposta no movimento maior de vendas dos consumidores de menor poder aquisitivo.
Ledice Araújo