A produção industrial em julho registrou forte queda. De acordo com o IBGE, o setor recuou 8,9% sobre o mesmo mês de 2014. É o 17ª recuo consecutivo e o mais intenso desde 2009, ano marcado pelos efeitos desfavoráveis da crise financeira internacional.
A retração da atividade industrial se espraiou por quase todos os segmentos do setor, destacando-se as intensas contrações da produção de bens de capital (-27,8%) e de bens de consumo durável (-13,7%). Entre as atividades, os veículos recuaram 19,1% e os produtos alimentares, com diminuição de 7,2%, exerceram as maiores influências negativas.
Para o diretor titular do Ciesp Guarulhos, Mauricio Colin, a inércia do governo explica muito da situação atual. “Não houve desenvolvimento do governo na política econômica do País. Já faz muito tempo que esperamos mudanças na política da exportação, no sistema tributário, no sistema trabalhista e no sistema financeiro, para redução de juros”, disse, em entrevista concedida à Agende Guarulhos.
“Só assim o País poderia atrair investimentos ou financiamentos que aumentassem o investimento na cadeia produtiva. Todos são fatos que, se planejados ou com ações rápidas, poderiam ter levado a recuperação da atividade econômica.”
No acumulado do ano, o declínio foi de 6,6%, enquanto nos últimos doze meses encerrados em julho alcançou a 5,3%. Nos primeiros sete meses do ano em relação a igual período de 2014 também houve perfil de queda disseminado, novamente com ênfase para os casos dos bens de capital (-20,9%) e de consumo durável (-14,2%).
A gravidade da crise pela qual atravessa a indústria tende a aprofundar a queda na atividade econômica, dada sua importância na determinação do Produto Interno Bruto (PIB). Resta esperar que a alta do dólar, combinada com a diminuição dos salários reais, decorrente do enfraquecimento do mercado de trabalho, possam “reanimar” o setor em algum momento, a partir de um aumento em sua competitividade.