A indústria brasileira sai do racionamento de energia elétrica mais eficiente e produtiva. Empresas como TRW, Brastubo, Petroflex, AmBev, BSH Continental, Bayer e Santista Têxtil transformaram em permanentes várias medidas adotadas nos nove meses de economia compulsória. Seu consumo de energia ficará entre 10% e 20% abaixo do que era antes de junho de 2001 – sem prejuízo à produção.
Entre as medidas incorporadas ao dia-a-dia estão desde o desligamento de lâmpadas e a troca de motores antigos por equipamentos modernos até a decisão de suspender, para sempre, o serviço de limpeza no horário noturno. Em todas as empresas, a conscientização dos funcionários foi considerada peça-chave dos programas de racionamento.
A TRW planejou um aumento de 10% na produção física do primeiro trimestre, frente ao mesmo período de 2001. “E vamos alcançar esse resultado com um consumo de energia 20% menor”, afirma o diretor Moisés Bucci. Na BSH Continental, a economia durante o racionamento chegou a 30%. “E metade dessa economia será permanente”, diz o diretor industrial, Valter Santos.
A AmBev foi mais longe e, após investir US$ 75 milhões, chegará ao fim do ano com capacidade de gerar energia para 75% de seu consumo, diz o co-presidente da companhia, Victório De Marchi.
A economia de megawatts, contudo, não deve se transformar em ganho financeiro ou redução de preços para o consumidor, avisam os empresários. Os aumentos já em vigor e mais os 21,75% esperados para os próximos três anos vão manter os custos industriais pressionados. “Parte dos novos hábitos fica, mas isso pode não representar nada nos custos da empresa, já que a tarifa tende a subir”, explica o diretor da Bayer, José Eduardo de Oliveira Cunha.
Denise Neumann e Roberto Rockmann