Instituições ajudarão BNDES nas exportações
O governo montou uma agenda de trabalho com duas instituições financeiras de grande porte para dar mais poder de fogo ao BNDES no estímulo às exportações de serviços e para diminuir o risco das operações comerciais nos países vizinhos. O Brasil quer fortalecer a cooperação com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e com a Corporação Andina de Fomento (CAF) para enfrentar a escassez de crédito e estimular a integração física sul-americana.
Sete representantes do BID e da CAF, reuniram-se com os ministros do Desenvolvimento, Sergio Amaral, e do Planejamento, Guilhermo Dias. Uma das idéias levantadas foi a criação de um fundo ou de uma linha de stand-by para assumir o risco das operações cobertas pelo Convênio de Crédito Recíproco (CCR).
Dias afirmou que US$ 200 milhões a US$ 300 milhões seriam suficientes, a princípio, para dar garantias ao CCR. ” Os recursos existem na região, o que nós temos de fazer é desenvolver novos mecanismos ” , disse o ministro. ” Nos últimos anos, houve uma crescente percepção de que os bancos centrais não devem assumir os riscos do comércio ” , completou Sergio Amaral.
Dentro de aproximadamente um mês, os bancos voltarão a se reunir para discutir as propostas debatidas ontem. A idéia geral é que tanto o BID quanto a CAF ampliem sua participação no financiamento do comércio sul-americano. ” Eles já fazem isso, mas reconhecem que podem fazer mais ” , acrescentou Amaral. Hoje, o alvo prioritário das ações das duas instituições tem sido financiar obras de infra-estrutura.
Segundo Dias, outra possibilidade cogitada foi o redirecionamento do Fundo Latino-Americano de Reservas (Flar) para o comércio regional. Esse organismo funciona atualmente como uma espécie de ” FMI ” dos países andinos e tem recursos estimados em US$ 1 bilhão. ” Para enfrentar problemas de balanço de pagamentos, US$ 1 bilhão não resolve. Mas para reforçar o comércio será suficiente ” , avaliou.
O governo brasileiro também quer fomentar parcerias entre empresas nacionais e andinas, além de estimular as exportações de serviços de construção e de bens de capital a esses países. A idéia, nesse caso, é fazer empréstimos associados entre BNDES, BID e CAF. Com isso, a taxa de risco-país imbutida no financiamento tende a cair. As duas instituições são classificadas como ” investment grade ” no mercado.
Essa operação eliminaria limites hoje existentes para operações do BNDES, que passaria a gozar de preferência no pagamento de débitos. Uma outra idéia discutida é a participação de fundos de pensão dos países sul-americanos em obras de infra-estrutura da região. Todas as propostas serão levadas por Amaral à Colômbia, em viagem que ele fará no dia 2 de setembro.