Suas cinzas deverão ser entregues à família, provavelmente, na sexta-feira, dia 10, quando o escritor completaria 89 anos. De acordo com a vontado de Jorge Amado, as cinzas serão jogadas no pé de uma mangueira que ele plantou no quintal da sua casa, no bairro do Rio Vermelho.
O corpo do escritor deixou o Palácio da Aclamação, onde ocorreu o velório, pouco depois das 16h desta terça-feira. Pelo menos 9.000 pessoas acompanharam o velório e a saída do cortejo fúnebre do escritor baiano, de acordo com a Polícia Militar.
O escritor brasileiro mais conhecido no mundo foi velado no Palácio da Aclamação, centro de Salvador. Cerca de 6.500 pessoas passaram pelo local entre a noite de segunda e tarde desta terça, para se despedir do maior escritor contemporâneo brasileiro, que morreu ontem, às 19h30, no Hospital Aliança, de insuficiência cardíaca.
A maioria das pessoas que passou pelo velório era formada por populares. Várias coroas de flores de prefeituras de todo o Estado foram enviadas ao velório. Turistas nacionais e estrangeiros também comparecem ao velório de Jorge Amado.
Algumas escolas estaduais, filhos de Gandhi, artistas plásticos e integrantes de blocos carnavalescos da Bahia também passaram pelo local para se despedir do escritor.
Durante o trajeto, Jorge Amado recebeu outras homenagens da população baiana. Em todo o percurso, centenas de pessoas foram às ruas ou saíram às janelas dos apartamentos e casas com lenços brancos.
Baiano de Itabuna, ele era membro da Academia Brasileira de Letras havia 40 anos. Jorge Amado deixa a mulher, a também escritora Zélia Gattai, 85, e os filhos João Jorge, 54, e Paloma, 50 – que trabalhava na organização dos acervos da obra de seu pai.
A morte
Jorge Amado passou mal no início da noite de segunda-feira, dia 6, e foi levado para o Hospital Aliança, onde sofreu uma parada cardiorrespitarória.
O escritor morreu de insuficiência cardíaca. “Ele estava fazendo sua fisioterapia, seguindo as recomendações médicas normais, quando passou mal”, afirmou o médico de Amado há mais de 15 anos, o cardiologista Jadelson Barbosa.
“Ele não respondeu às manobras de reanimação”, afirmou Andrade. O escritor foi dado como morto às 19h30. Segundo o boletim médico, assinado por Andrade, Amado apresentava um quadro de insuficiência circulatória aguda ao dar entrada no hospital.
O escritor, autor de megassucessos como “Gabriela, Cravo e Canela” e “Capitães de Areia”, era cardíaco e diabético. A crise que o vitimou foi a segunda em menos de um mês. Entre 20 de junho e 16 de julho, Amado teve sua pior crise, decorrente de um aumento na taxa de açúcar no sangue.
Desde que teve um infarto, em 1993, sua saúde declinou e interrompeu progressivamente seu trabalho. Suas obras mais recentes são “A Descoberta da América pelos Turcos” (1994) e o livro-conto “O Milagre dos Pássaros” (97).
Os números associados à sua produção literária são superlativos. Publicado em 46 países e 36 idiomas, Amado vendeu mais de 20 milhões de exemplares de suas obras.
Recentemente, pouco saía de casa. Sua diversão principal era conversar e jogar baralho com a mulher, Zélia, com quem era casado desde 1945.
Saúde debilitada
Amado vinha apresentando uma série de problemas de saúde nos últimos anos, agravados por um histórico de fumo e obesidade durante a vida toda. Em 1993, sofreu um infarto. Três anos depois, sofreu um edema agudo no pulmão -um acúmulo anormal de líquidos no órgão, decorrente de insuficiência cardíaca.
Pouco tempo depois, ainda em 96, sofreu uma crise de angina e teve de passar por uma angioplastia para desobstruir uma artéria. Em 97, colocou um marcapasso. De lá para cá, foi internado algumas vezes -sendo o período mais longo e complicado até o atual em 99, quando ficou 15 dias no hospital Aliança.