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Justiça lenta atrapalha a cobrança de dívidas

Guarulhos, 12 de maio de 2002

Empresas que têm créditos de valor maior do que R$ 30 mil vencidos há mais de um ano têm encontrado dificuldade em reduzir o prejuízo provocado em seus balanços. Isso porque, por lei, os créditos só podem ser lançados como despesa, e abatidos da base de cálculo do Imposto de Renda e da Contribuição Social, se houver processo de cobrança em tramitação na Justiça.

Ocorre que a Justiça é tão lenta, e os custos são tão altos, que a cobrança judicial só tem sido recomendada, pelos advogados, quando o crédito tem garantia real. “Por isso é tão importante que o empresário tenha um bom departamento de análise de crédito e recolha informações detalhadas sobre a pessoa ou empresa a quem está emprestando”, explica Rogério Bonfiglioli, presidente da Associação das Empresas de Recuperação de Crédito (Aserc).

A associação congrega 22 empresas de cobrança. São prestadoras de serviço com tradição no mercado, responsáveis por 68% de toda a cobrança feita no País. Atendem bancos, financeiras, empresas de leasing e lojas de crediário. Como seu trabalho é delicado, já que representam seus clientes no contato e na negociação com os credores, as empresas de cobrança ligadas à Aserc são permanentemente auditadas pela sua clientela. Recorrer a elas, portanto, é uma garantia de qualidade do serviço contratado. Há uma infinidade de empresas que não dispõem da chancela da Aserc.

Entre bancos e empresas que trabalham com crédito, de maneira geral, tem se difundido a prática da contratação de cobradores especializados. Primeiro porque os custos, para as empresas, são menores do que os da manutenção de um departamento especializado na área. Depois, porque o sucesso dos profissionais do ramo tende a ser maior. Hoje, as empresas de cobrança conseguem recuperar 93% dos créditos relativos a atrasos no pagamento de veículos, por exemplo.

Outras modalidades de crédito têm taxa de sucesso de cobrança variável. Bonfiglioli dá algumas dicas de cuidados para quem se preocupa em emprestar bem: não parcelar a longo prazo bens pouco duráveis empréstimos maiores devem ter garantia de bem real os cheques devem ser acompanhados de um documento à parte, com dados do emitente, inclusive endereço e telefone verificados evitar os cheques pré-datados. Eles são os mais difíceis de cobrar e receber.