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K-PAX – O Caminho da Luz

Guarulhos, 12 de abril de 2002

arteK-PAX – O Caminho da Luz é um drama que originalmente queria tratar de temas cósmicos, mas acaba enunciando ditados simples e reconfortantes.

O roteiro de Charles Leavitt, baseado no primeiro livro da trilogia de Gene Brewer, tenta virar de ponta-cabeça os elementos de ficção científica nesta história, em que um psiquiatra nova-iorquino se esforça para compreender o que se passa com um paciente que afirma ter vindo do distante planeta K-PAX.

Porém, o filme acaba frustrando o espectador ao desperdiçar o fascínio que gerou, curvando-se diante das convenções básicas de uma história policial misturada ao tema do médico que cura a si mesmo.

Os pontos de referência mais óbvios são O Campo dos Sonhos, Um Estranho no Ninho e Starman – O Homem das Estrelas, protagonizado pelo próprio Jeff Bridges. Mas o filme que K-PAX traz à mente com maior intensidade é Hombre Mirando al Sudeste (1986), do diretor argentino Eliseo Subiela. Trata-se de um clássico cult que também gira em torno de um paciente psiquiátrico que afirma ser um alienígena em visita à Terra.

Artigos publicados recentemente na mídia levantaram questões quanto à semelhança entre os dois filmes, destacando o fato de que Brewer afirma nunca ter visto o trabalho de Subiela. Embora os dois diferem em uma série de detalhes, há muitos pontos de convergência entre eles.

O diretor Iain Softley (Asas do Amor e Hackers – Piratas de Computador) transformou o roteiro um tanto quanto árido em algo belo de se assistir, com composições modernistas enxutas, closes ultradramáticos e tonalidades de cor dominantes sempre etéreas, especialmente de azul.

É como se, apesar de a história terminar em modo terreno, o diretor quisesse extrair dele toda a magia possível e enviá-la diretamente a K-PAX, juntamente com seu herói.

Basta Prot (Kevin Spacey) aparecer na estação de trem Grand Central Station, em Nova York, para ser preso por policiais que desconfiam de sua aparência. No Instituto Psiquiátrico de Manhattan, Prot explica ao Dr. Powell (Jeff Bridges) que vem de um planeta a mil anos-luz da Terra e diz que está com saudades de casa.

Powell ouve o que Prot tem a dizer e chega a especular se o estranho teria realmente vindo de outro planeta. O filme envolve o espectador num jogo de “será que ele é?”, que chega ao auge quanto Powell leva Prot a um encontro com alguns astrônomos. Ele demonstra ser capaz de mapear matematicamente a localização de K-PAX, silenciando os cientistas.

Prot anuncia que terá que deixar a Terra no dia 27 de julho, às 5h51 – exatamente cinco anos após sua chegada.

Quando se afasta do registro de ficção científica, o enigma de Prot vira algo não tão intrigante: um estudo psicológico básico.

Pressentindo que está numa corrida contra o tempo, Powell submete Prot a uma hipnose profunda e parece descobrir um passado oculto do personagem. E nada é o que parece ser.