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Lágrimas do Sol cobra mais atenção para a África

Guarulhos, 17 de outubro de 2003

ArteEm Lágrimas do Sol (Tears Of The Sun, 2003), o astro dos filmes de ação Bruce Willis vive o Tenente A.K. Walker, líder de um pequeno grupo de infantaria da Marinha norte-americana e que tem uma missão muito difícil: resgatar a Drª. Lena Fiore Kendricks, uma médica americana que trabalha como voluntária em uma missão na selva nigeriana.

Logo o espírito caridoso da Drª. Kendriks (vivida por Monica Bellucci) entra em conflito com o “soldado-sem-emoções” interpretado por Willis. Agora o pelotão e a médica lutam para levar um grupo de refugiados para a fronteira com Camarões, fugindo das milícias e da guerra civil que acontece na Nigéria.

Até aí nada de novo, e Lágrimas do Sol passaria apenas como mais um filme de guerra, mostrando o conflito num país de terceiro mundo, como pano de fundo para o nascimento de um improvável romance, entre uma médica-missionária e um tenente de infantaria. O destaque do filme vem da sutil patada que o diretor Antoine Fuqua dá no governo dos EUA.

Fuqua ficou famoso ao dirigir Dia de Treinamento, filme que lançou o tradicional “bom-moço” Denzel Washington como um vilão. A atuação rendeu o Oscar de Melhor Ator ao astro, e fama ao então desconhecido diretor. Se em Dia de Treinamento, o diretor expõe o lado corrupto e racista da polícia americana, em Lágrimas do Sol, Fuqua canaliza sua bronca ao descaso americano com o continente africano.

É possivel então perceber que o personagem de Willis está além de um simples tenente da Marinha. O Tenente Walker é a personificação do Tio Sam, mostrando frieza e desinteresse com as eternas crises africanas. E seguindo essa linha, Fuqua conduz o filme de forma interessante e atrativa. O diretor se utiliza de uma técnica nada ortodoxa – mas altamente eficaz – ao abrir o filme com cenas reais de execuções e torturas.

As sequências de tirar o apetite prosseguem durante o filme, principalmente quando uma mílicia dizíma uma aldeia. Outro ponto defendido pelo diretor é o engajamento da causa africana como uma causa negra. Fuqua sugere que os afro-americanos sejam mais ativos na cobrança de uma atitude por parte do governo dos EUA.

Mesmo assim, a fita de Fuqua está longe de ser um épico da guerra como foi Platoon de Oliver Stone ou Nascido Para Matar de Stanley Kubrick. Mas o mérito de Lágrimas do Sol reside exatamente aí: o filme se presta a um papel atual. É sobre uma guerra muito mais dolorosa que a disputa militar e política, pois envolve acima de todos, civis.

Renato Beolchi/Redação Terra

Ficha Técnica

Título Original: Tears Of The Sun

Gênero: Ação, Guerra

Duração: 124 min.

Classificação: 14 anos

Diretor: Antoine Fuqua

Elenco: Bruce Willis, Monica Bellucci, Cole Hauser