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Locutores do comércio podem dobrar as vendas

Guarulhos, 22 de julho de 2002

Anunciar em alto e bom som ofertas e promoções-relâmpago pode dobrar o volume de vendas, estimulando os consumidores mais impulsivos. Lojistas e consultores de varejo confirmam que os locutores do comércio elevam o faturamento, aproximam a empresa do cliente e ainda prestam um serviço, fator determinante para o sucesso do varejo atual.

De acordo com o consultor Mauro Fusco, os profissionais que anunciam ofertas ajudam a aumentar as vendas principalmente porque interagem com o público. “A interatividade é fator determinante na relação comunicador-cliente, além da simpatia, é claro”, revela Fusco, que tem entre seus clientes Lojas Hering e Leader Magazine.

As lojas populares, são locais tradicionais na locução de comércio. Como os profissionais da voz ficam do lado de fora, chamando os clientes, é preciso ser diferente e ousado para alcançar o objetivo. No entanto, o mercado está carente de bons profissionais.

Mau profissional

É o que diz o proprietário da Brasil Roupas, Kamal Kalaoun, que há oito anos não tem um locutor. Apesar da ausência do profissional em sua loja, o comerciante confirma que bons resultados são inevitáveis quando se utiliza um bom apelo sonoro. “Quando tinha locutor minhas vendas chegavam a dobrar. Hoje não temos muitas pessoas capacitadas. Prefiro não ter o serviço a ter que arriscar a imagem da loja com um mau profissional.”

Na Redeconomia, associação de pequenos supermercados com 85 lojas, cerca de 60 delas possuem locutores. Gerente administrativo da rede, Paulo Roberto Simões revela que todo artifício é válido para ajudar a divertir, entreter e informar os clientes. “Além das tradicionais ofertas, muitos dos nossos locutores comentam fatos do dia-a-dia do bairro, lêem notícias importantes e até horóscopo”, revela, garantindo que a aceitação do serviço é excelente.

Locutor há 20 anos, Wanderlin Paixão Ribeiro afirma que o seu trabalho impulsiona as vendas em até 30%. Na Redeconomia, em que é o principal funcionário da área, Ribeiro faz, inclusive, as chamadas dos comerciais de TV e afirma que sua função hoje é importante e rentável em qualquer loja com grande fluxo de clientes.

Com tantos produtos em um supermercado, é extremamente necessário informar onde estão localizados, quais são as novidades e, o mais importante, quanto custam. Existem também as técnicas de locução, semelhantes às do rádio. Outro cuidado é a construção do texto. O meu objetivo sempre é vender, por isso, não posso anunciar que um produto está pelo preço X se ao mesmo tempo não informar que ele custava Y. Isso tudo estimula a compra por impulso – ensina Ribeiro.

Produtos populares

Consultor da Pró-Super Consultoria de Supermercados, Flávio Pires confirma que toda loja de varejo com grande fluxo de clientes pode utilizar a estratégia, principalmente as que vendem produtos populares. “Através da locução, o consumidor pensa em adquirir um produto que ele não esperava comprar. Nos estabelecimentos onde o valor médio das mercadorias é baixo, o resultado é sempre mais expressivo”, afirma Pires.

A locutora Tânia Little confirma que os supermercados constituem o ambiente ideal para estimular as vendas por impulso. Na loja de eletrodomésticos na qual trabalhou, os resultados foram menos visíveis. “A pessoa que sai de casa para comprar um aparelho de som já tem uma noção de quanto vai gastar e qual produto vai comprar. Neste caso, a locução enfatiza mais as promoções”, afirma.

Segundo Tânia, no supermercado há uma maior interação. A locutora observa que, no momento em que um produto é anunciado no microfone, sendo promoção ou apenas uma sugestão para o almoço da dona de casa, cerca de 20% do público presente na loja correm para comprá-lo.

YUKI YOKOI