A crise de energia elétrica pode ter acabado, mas as empresas que conseguiram não apenas reduzir como otimizar o uso da energia elétrica ainda colhem até hoje os lucros pelos bons resultados alcançados. Troca de lâmpadas e equipamentos elétricos, aproveitamento da luz natural e colocação de sensores são algumas medidas que podem reduzir em até 60% o gasto de energia.
Concurso realizado pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas no Estado do Rio de Janeiro (Sebrae-RJ) atraiu 3 mil empresas, que reduziram o consumo de energia elétrica. Destas, 69 adotaram medidas de eficiência energética e 12 foram consideradas modelo nas categorias de indústria, serviço e comércio. Ontem, durante o 9º Congresso Brasileiro de Energia, quatro empresas que mais se destacaram em cada setor receberam o prêmio Unidade de Demonstração no Uso Eficiente de Energia, promovido pela entidade.
Troca de lâmpadas
As estratégias adotadas pelas vencedoras são simples e podem ser aplicadas por qualquer pequeno empresário. Com redução de 30% no consumo de energia e aumento de 15% na produção, a Werner Fábrica de Tecidos, de Petrópolis, destacou-se no seu ramo durante a crise energética do País. A indústria adotou medidas simples, mas eficazes. Duas mil lâmpadas foram reduzidas a mil reatores e o ar-condicionado foi desligado. “Colocamos calhas de alumínio refletido próximas às lâmpadas, otimizando, assim, a iluminação. No teto, telhas transparentes proporcionaram o aproveitamento total da luz natural”, explica Luiz Fernando D'Aguiar, diretor da empresa.
A HM Administração de Condomínios, que entre outras unidades administra o Edifício Chopin, em Resende, conseguiu reduzir 60% do consumo de energia do prédio antes mesmo do anúncio das medidas de redução adotadas pelo Governo. “Com o anúncio das cotas máximas, ainda reduzimos mais 20%”, explica Hélio Cesar Madeira, diretor da HM.
Os condôminos do edifício pagam as mesmas cotas prediais há três anos, tempo em que a administradora está à frente da gestão do local. “O preço que pagavam já não dava para cobrir todas as despesas do prédio, mesmo assim conseguimos que o valor não aumentasse e se mantivesse estável todo esse tempo”, afirma Madeira.
Com conforto
Sem intervir no conforto dos moradores, não estendendo o racionamento aos elevadores nem à bomba d'água, a administradora trocou lâmpadas da garagem e dos corredores de serviço que eram incandescentes por fluorescentes de três a nove watts; no hall social, as lâmpadas incandescentes de 60 watts passaram para 25 watts. O sistema de acendimento sensorial também foi implantado. Na garagem, a partir das 22h, a iluminação é parcial e depois de meia-noite as luzes são todas apagadas. O vigia noturno acende as lâmpadas do local apenas quando os moradores precisam transitar pela garagem.
No setor comercial, uma grande surpresa foi a redução no consumo obtido justamente por uma empresa de produtos alimentícios congelados, a Congelados da Sônia. A empresa diminuiu em 20% o consumo de energia durante o racionamento, mesmo sem ter conseguido bater a meta estipulada pela Light. “Antes gastávamos 49 mil kilowatts, diminuímos para 35 mil, enquanto nossa meta era de 21 mil”, explica Adriana Carpegiani, diretora de marketing da empresa.
Todos os pequenos freezers da empresa foram trocados por um grande freezer de armazenamento, que consome a metade de energia dos antigos. Um gerador também foi adquirido para colaborar no uso de energia nos horários de pico. “O retorno do investimento que fizemos está vindo no prazo de um ano, apenas pela redução na conta de energia elétrica”, afirma Alessandra Carpegiani, diretora de vendas da empresa.
A otimização do tempo útil de trabalho também foi uma das estratégias adotadas pelas irmãs Carpegiani. “Reduzimos nossa capacidade ociosa. Hoje, em vez de trabalhar seis dias na semana, trabalhamos quatro, chegando cedo e saindo tarde”, explica Adriana. Nos dias em que a produção da loja está parada, economiza-se ar climatizado, o uso das lâmpadas e de algumas máquinas.