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Melhor ajuda para a Argentina é fortalecer o Brasil

Guarulhos, 25 de setembro de 2002

A melhor maneira de o Brasil ajudar a Argentina a superar sua crise é cuidar do desempenho de sua própria economia para que não tenha o mesmo destino do parceiro do Mercosul. A opinião é do presidente Eduardo Duhalde, que viaja amanhã a Brasília com a expectativa de avançar na solução de várias pendências comerciais existentes entre os dois países.

” O melhor que o Brasil pode fazer pela Argentina é trabalhar para que a economia do país vá bem. É a melhor ajuda que podemos ter ” , disse a jornalistas brasileiros na Casa Rosada, sede do Executivo argentino.

O presidente também admitiu que a crise fez com que a Argentina deixasse totalmente de lado a rivalidade com o país vizinho . ” Eu me lembro de que, quando era jovem, havia a consciência de que é melhor que um vizinho vá mal, porque aí vamos melhor. Isso acabou ” , afirmou. ” O desejável é que o nosso vizinho vá bem, sobretudo um país tão grande como o Brasil, o país mais importante do Mercosul. ”

Duhalde também considerou que ” o caso argentino deve fazer com que o Brasil abra os olhos, para que não ocorra o que nos aconteceu ” .

A visita de Duhalde ocorre no momento em que os números do comércio bilateral refletem a crise vivida pelos dois países. De janeiro a agosto, as exportações brasileiras à Argentina caíram 62% em relação ao mesmo período do ano passado, e o comércio no sentido oposto teve uma redução de 26,8%, apesar do aumento da competitividade dos produtos argentinos como conseqüência da desvalorização do peso.

Estudo do CEB (Centro de Estudos Bonaerense) indica que, mais do que o câmbio, o aumento do comércio bilateral depende sobretudo de uma economia saudável no Brasil.

Os principais entraves para que aumente o comércio bilateral são, do lado argentino, a falta de crédito aos exportadores, e do brasileiro, a retração do mercado argentino causado pela crise econômica. Desde o início do ano, a balança comercial é favorável à Argentina em US$ 1,8 bilhão, mas o superávit é metade do de 2001.