ACE-Guarulhos

Mercosul discute bases para tentar adotar moeda única

Os governantes dos países membros do Mercado Comum do Sul (Mercosul) participam nesta segunda-feira de uma reunião que procura relançar o organismo regional e acertar as bases para chegar no futuro a uma única moeda.

A reunião da Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai (membros do Mercosul), além da Bolívia e do Chile (países associados), é a primeira que acontece depois da crise atravessada pela Argentina.

De la Rúa foi o único governante ausente na cúpula anterior do grupo, em 21 de dezembro passado, um dia depois que o governante apresentou sua renúncia como o final de uma grave crise social.

A Argentina, que desempenha neste semestre a presidência pro tempore do Mercosul, expressou seu interesse em que a partir da reunião que acontece hoje possa se começar a falar na região para chegar em uma moeda única. “Estamos começando o caminho, que não é fácil”, disse em janeiro passado o ministro argentino de Relações Exteriores, Carlos Ruckauf.

O atual governante argentino, o peronista Eduardo Duhalde, que assumiu o poder em primeiro de janeiro, também assinalou em uma entrevista publicada domingo pelo jornal O Globo seu interesse em começar a “pensar” em uma moeda comum.

Parte do caminho ficou aplainado depois que a Argentina decidiu colocar ponto final na paridade entre o dólar e o peso e em sua conversibilidade, que era mantida desde 1991 até seis de janeiro.

Agora, o peso argentino flui livremente, com esporádicas intervenções do Banco Central, e chegou a um valor próximo de meio dólar, a metade da cotação durante os 11 anos de conversibilidade entre as duas moedas.

A moeda do Brasil, o principal sócio da Argentina, flui livremente desde janeiro de 1999.

O governante do Brasil, Fernando Henrique Cardoso, se antecipou ao resto dos presidentes e chegou ontem à noite a Buenos Aires, para reunir-se com Duhalde antes da entrevista multilateral com o resto dos chefes de Estado.

“Tenho certeza de que todos os países da região necessitam de uma Argentina forte, próspera”, disse Cardoso em uma breve mensagem no aeroporto de Buenos Aires, onde foi recebido por Duhalde, em um gesto nada freqüente que agradou seu colega brasileiro.

FHC disse que o Brasil “fará tudo o que for possível” para que a reunião que começa hoje seja um sucesso, “mas principalmente para que a Argentina e o Brasil possam seguir adiante nos rumos da integração do Mercosul”.

O grupo foi criado em 1991, mas periodicamente atravessa crise por diferenças comerciais que puseram em perigo a iniciativa. Além disso, o Uruguai e o Paraguai se queixaram em algumas ocasiões de seu deslocamento nas decisões adotadas pela Argentina e pelo Brasil.

A reunião de hoje servirá para revisar que tipo de colaboração podem prestar os sócios da Argentina para que este país possa remontar a crise que arrasta desde 1998, e que agora repercutiu mais nas nações vizinhas.

As repercussões são comerciais, ao encarecerem os produtos que a Argentina importa de seus vizinhos, mas também monetárias, pelas turbulências que ocasionou nos mercados de divisas regionais a desvalorização da moeda argentina.

Além disso, a crise, que vive o sistema bancário argentino depois que os depósitos ficaram congelados parcialmente para evitar uma retirada em massa de fundos, contagiou o Uruguai, onde dois bancos importantes foram intervindos pelo Banco Central.

Em suas declarações no aeroporto, FHC disse que o Brasil será “solidário” com a Argentina porque quando seu país atravessou dificuldades parecidas encontrou “apoio” na Argentina.

A cúpula do Mercosul começa às 12h na residência presidencial de Olivos, em uma área residencial de Buenos Aires.

Sair da versão mobile