O emprego do futuro está no setor de serviços e na micro e pequena empresa. É o que revela a Pesquisa Anual de Serviços, divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O estudo revela que 96,5% das empresas do setor são micro e pequenas empresas, o que por sua vez torna essas empresas as maiores empregadoras do setor. E mais: entre 1999 e 2000, o setor de serviços criou 532 mil postos de trabalho.
De acordo com a pesquisa do instituto, em 2000 existiam 776.274 empresas no setor de serviços, das quais 739.351 eram micro e pequenas empresas.
O setor que mais concentra essas empresas é o de alimentação, onde estão 33% das micro e pequenas prestadoras. Das 258.465 empresas, 217.876 são micro empresas, que empregam até 5 pessoas.
O setor de serviços técnicos é o segundo maior em número de empresas de pequeno porte. São 69.888 empresas, das quais 80% são micro empresas. O terceiro lugar fica com o setor de limpeza predial e de domicílios, onde o IBGE encontrou 64.048 empresas de pequeno porte, sendo 48.748 microempresas.
Criação de empregos
De acordo com Roberto Saldanha, gerente de análise de dados do Departamento de Comércio e Serviços do IBGE, 2000 foi um ano muito favorável para o setor de serviços brasileiro. “Em termos de receita, o setor de serviços cresceu 17,72%, e hoje movimenta R$ 216,5 bilhões”.
Os setores que mais criaram empregos, segundo ele, foram os serviços de alimentação, que criaram 177 mil novos postos, o de segurança, vigilância e limpeza em prédios e domicílios, que abriu mais de 120 mil vagas e os serviços de rádio, televisão e serviços auxiliares de agricultura, que adicionaram mais 59 mil postos. Dessas novas vagas, grande parte foi criada em micro e pequenas empresas. “No setor de Alimentação, por exemplo, as 8.408 micro empresas possuem 22.960 empregados, e as 10.020 que são de pequeno porte possuem 99.785 empregados”.
Por outro lado, o segmento de telecomunicação reduziu postos em 0,5%, apesar do faturamento ter crescido. “Essas empesas estão passando por um processo de reestruturação, por isso estão promovendo cortes”, explica.
Mas nem tudo são resultados positivos. Segundo o IBGE, apesar do faturamento das empresas ter crescido, a remuneração média, em salários mínimos, caiu cerca de 6%. Mesmo assim, a produtividade cresceu 7,3% em relação a 1999.
A remuneração média no setor vai de 3,7 a 9,9 salários mínimos, valor ainda baixo se comparado com a média salarial dos trabalhadores da indústria. Dados de 1999 mostram que enquanto o salário médio da indústria era de R$ 1.019,00, o do setor de serviços era de R$ 699.
Uma das explicações para essa diferença é que o tipo de emprego que mais registra crescimento no setor de serviços é o de baixa remuneração.
Priscilla Negrão