Mudanças nas aplicações provocará aumento do juro
O Conselho Monetário Nacional (CMN) decidiu, em reunião extraordinária, aumentar o compulsório dos bancos sobre depósitos à vista, poupança, e depósitos a prazo, o que reduz o dinheiro em circulação e deve provocar um aumento nas taxas de juros ou reduzir empréstimos. A medida vai tirar da economia R$ 11 bilhões, que serão recolhidos pelo sistema financeiro ao Banco Central, para compensar a compra de o mesmo valor em títulos de longo prazo (R$ 11 bilhões) que os fundos de investimentos têm em suas carteiras. Enfim, é o preço que o Governo aceitou pagar para resgatar a credibilidade e salvar os fundos DI e de renda fixa.
Para empresários e trabalhadores, a medida significa maior sacrifício. E maior risco ainda de recessão. Explica-se: o Governo, aumentando o compulsório, tira de circulação R$ 11 bilhões. Torna o dinheiro ainda mais escasso e, por tabela, força a alta das taxas de juros, que já são escorchantes. Mais: o aumento do compulsório enterra qualquer possibilidade de, na semana que vem, o Copom manter a queda da taxa básica de juro. É uma nova trava no crescimento.
Para os bancos, a perda é quase nula. Eles entregarão papéis de longo prazo (de difícil negociação diante das incertezas do novo Governo) no valor de R$ 11 bilhões, o mesmo que receberão em títulos públicos novos, de curto prazo, facílimos de serem negociados no mercado, garantindo bons lucros na intermediação.
O diretor de Política Monetária do BC, Luiz Fernando Figueiredo, explicou que o recolhimento compulsório sobre depósitos em poupança passou de 20% para 25%, sobre depósitos à vista (conta corrente) de 45% para 48%, e nos depósitos a prazo (títulos públicos e CDBs) de 15% para 18%. “A justificativa para as medidas é acalmar a vida financeira dos cidadãos e empresas, enquanto não se revolvem incertezas que estamos vivendo”, disse. Nesta troca de papéis dos fundos de investimentos, o Governo perde no prazo da dívida interna que serão encolhidos. Em junho, o prazo médio de rolagem da dívida já tinha caído para 32,86 meses, contra 34,97 meses em dezembro de 2001.