Se você acha que agora teremos um novo sistema de pagamento, o que deve estar em mente:
1. Já temos o mais moderno sistema de pagamentos de dívidas no Brasil. Com um boleto, pago em qualquer banco (desde que não vencido);
2. Não vou mais ao banco, faço meus pagamentos de casa ou do escritório via Internet;
3. Meu banco recebe uma relação (borderô para outros, borderaux em francês), com meus compromissos e debita-me na data certa (só tenho que colocar os fundos à disposição do banco);
4. Pelo sistema tradicional, faço um cheque com os pagamentos do dia e o Office-Boy fica mascando chicletes na fila do banco e retorna à empresa com tudo quitado.
Mas muita gente vive agoniada, sofrendo, preocupada (existe mais algum sinônimo?), porque no dia de pagar, melhor ainda, na hora de pagar, procura sua agenda onde tem anotações de quanto vai receber, quanto vai pagar, procurar documentos aqui e ali, pasmem, para saber qual será seu saldo disponível no dia. Isto inclui uma ligação ao banco para saber o saldo que “virou” o dia anterior.
E o cheque especial, e o crédito rotativo que já está se exaurindo? Preocupação e mais preocupação.
Quem não conhece o dia a dia deste tipo de empresa, desculpe, deste tipo de administrador, que põe como sempre a culpa de seus problemas no governo e ultimamente vem usandouma nova desculpa, a globalização. Usando uma linguagem popular, quando o carro pega é um Deus nos acuda.
Empreendedores desse naipe não tem tempo para realmente administrar suas empresas como devem. Não acompanham a produção, as vendas, os recebimentos, os pagamentos (só na hora do vencimento) e duas coisas muito importante que toda empresa tem: a qualidade de seus produtos e serviços e seu pessoal.
Será que temos que ficar aqui falando desses tipos de empresas? Qual a ferramenta que inicia o processo de organização da empresa? Ora é o fluxo de caixa.
Com um fluxo de caixa o administrador terá tempo para prever seus problemas futuros e não ficar em cima da hora tomando, não decisões na acepção da palavra, mas remanejando problemas. O de hoje sempre é empurrado para a frente.
Com um fluxo de caixa iniciamos nossa caminhada rumo à organização, rumo ao descarte de problemas e ao encontro de soluções.Temos que ter mais tempo para cuidar da macro organização, para conversar, fazer visitas, participar de reuniões em sindicatos e associações, saber quais as tendências de mercado. Ocupar-se 60 a 70% do tempo na procura de soluções do fluxo do dinheiro só nos leva à ruína.
Mas que novo sistema de pagamentos é esse que vem aí e vai afetar muito as empresas desorganizadas em seu fluxo de caixa?
É o SPB – Sistema de Pagamentos Brasileiro que a partir de 22 de Abril começa a funcionar. Posto em prática pelo Banco Central do Brasil. Ele fará a liquidação rápida de pagamentos através das chamadas câmaras de compensação, fazendo com que os valores transacionados, sejam creditados na conta do favorecido quase que instantaneamente. E se você não tiver recursos, porque aguarda seu Gerente de Banco liberar aquele depósito por conta desses pagamentos? E se forem cheques sem fundo onde vamos buscar recursos.
Empresas como supermercados e varejistas que recebem uma enormidade de pequenos cheques, irão paulatinamente abandonar quase que por completo o uso deles substituindo por cartões de débito. Se o cliente tem fundos, compra e paga na hora. Mas transportemos esse tipo de rapidez de crédito nas contas dos favorecidos, para as empresas. Como pagar se não tivermos os fundos no dia aprazado de nossos compromissos?
Portanto, o Fluxo de Caixa, agora nomeado com letras maiúsculas, mostra-se cada vez mais importante na condução do dia-a-dia financeiro das empresas.Esse controle vai influenciar nos atos administrativos, ou o ganho de tempo para realmente conduzir a empresa. E não nos esqueçamos do principal, do lucro. Ele será encontrado logo que tomemos nossas medidas administrativas.
Consulte o site do Banco Central – www.bcb.gov.br – e tenha todas as informações necessárias.
Antonio Carlos Colnaghi é Contador, Economista e Administrador de Empresas, perito e auditor econômico, consultor de empresas no Estado de São Paulo, docente do Senac, Cape e Sebrae. e-mail: accolnaghi@ig.com.br.
