O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, que é considerado a medida oficial da inflação, surpreendeu o mercado, ao apresentar alta de 0,61% em abril, frente a 0,43% registrado em março, interrompendo a desaceleração iniciada no começo do ano.
Contudo, na variação acumulada em 12 meses o índice seguiu exibindo descompressão ao recuar, entre março e abril, de 9,39% para 9,28%, respectivamente, embora situando-se ainda muito acima do limite máximo de tolerância da meta anual de inflação (6,5%).
O principal responsável pela “surpresa” inflacionária do mês foi o preço dos medicamentos, que apresentou elevação de 6,26%, repercutindo parte do reajuste autorizado pelo governo (12,5%), a partir do dia 1º de abril, levando a que o item saúde e cuidados pessoais se elevasse de 0,78% em março para 2,33% em abril.
Outra importante contribuição veio do segmento alimentação e bebidas, com alta bem maior do que a esperada (1,09%). Dada a forte redução da taxa de câmbio, presume-se que esse resultado seja explicado pelos choques climáticos ainda adversos, que enfrentam algumas regiões produtoras. Apesar da desaceleração em relação ao resultado de abril (1,24%), esse item gera importante impacto no índice, devido a seu grande peso na cesta básica de consumo (25,73% do total).
Em sentido oposto, a energia elétrica, ao mostrar queda de 3,11% no mês, em decorrência da mudança da bandeira tarifária, foi a principal influência negativa para o IPCA.
Já no caso Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI), divulgado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), continuou a haver desaceleração, embora menos intensa, ao passar de uma alta de 0,43% em março para um avanço de 0,36% em abril, gerando menor elevação do índice anualizado, que passou de 11,07% para 10,46%, respectivamente, durante o mesmo período.
Essa menor elevação também foi causada pela recessão, além da descompressão dos preços das matérias primas, principalmente industriais, ocasionada pela valorização do Real, fazendo o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), principal componente do IGP-DI, no acumulado em 12 meses, recuar de 12,38% em março para 11,47% em abril.
Em síntese, a inflação deverá continuar desacelerando durante os próximos meses, devido tanto aos efeitos da recessão como pelo recuo do câmbio, porém, a intensidade desse processo dependerá da atenuação dos choques climáticos e, principalmente, da redução da pressão nas despesas totais, exercida pelo excesso de gastos públicos, como, finalmente, reconheceu o Banco Central.