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O que fazer com os juros?

Falta menos de uma semana para a sétima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) no ano, que vai decidir o rumo da taxa de juros básica da economia (a Selic). Até agora não há um consenso no mercado se os juros caem um pouco ou permanecem onde estão: 18,5% ao ano. O economista-chefe do Lloyds TSB, Odair Abate, avalia que há razões para baixar os juros, mas o câmbio pressionado pode dificultar essa decisão. Se o câmbio ceder um pouco até a quarta-feira, último dia da reunião, aumentam as chances da Selic cair, diz Abate.

Na reunião passada, o dólar estava em torno de R$ 2,67 e, agora, está flutuando perto dos R$ 2,80 ou até acima desse patamar.

Na avaliação do Lloyds, se a taxa ceder um pouco (e isso vai depender do ambiente político), cresce a chance de que a taxa de juros caia.

Se a reunião fosse esta semana, a avaliação do Lloyds é que o Copom deixaria os juros no mesmo patamar, esperando uma oportunidade melhor para baixá-la.

Razões há para uma queda de juros: o nível de atividade está mais frágil do que se imaginava, a inflação medida pelo IPCA subiu, mas há sinais de arrefecimento nos preços livres e, mantidos os juros em 18,5%, teríamos uma inflação de 2,6% no ano que vem, contra uma meta d einflação de 4%. Portanto há espaço para queda de juros, desde que a taxa de câmbio (que pressiona os preços livres) caia um pouco.

O economista da corretora Fator Doria Atherino, Vladimir Caramaschi, também acredita que se o real se recuperar em relaçao ao dólar (e também os títulos da dívida brasileira mostrarem maior firmeza na atual recuperação) as apostas de que a Selic caia na próxima reunião aumentam.

Ele alerta que dificilmente o dólar voltará ao patamar da reunião anterior, mas um recuo mínimo abre uma brecha para o BC dar um estímulo à economia baixando os juros.

A avaliação do economista, por enquanto, é de manutenção da Selic.

Os economistas do banco espanhol BBV avaliam que há espaço para queda de juros na próxima quarta-feira, mesmo com o dólar num patamar mais elevado.

Eles afirmam que a atividade econômica está em baixa e o IPCA ficou abaixo do que o mercado esperava. Portanto, a oportunidade de queda está aí.

Resta saber se o raciocínio dos membros do Copom será o mesmo. O clima externo não está para brincadeira e os investidores estrangeiros ainda estão avessos a correr riscos no Brasil. Baixar os juros poderia motivar uma saída ainda maior de recursos, prejudicando o fechamento das contas do país.

João Sorima Neto

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