O pagamento de dívidas do consumidor brasileiro – obtido a partir da quantidade de exclusões dos registros de inadimplência – apontou queda 9,7% em maio de 2015, em relação ao mês anterior, de acordo com dados da Boa Vista SCPC (Serviço Central de Proteção ao Crédito). No acumulado do ano (de janeiro a maio), em comparação com o mesmo período de 2014, o pagamento de dívidas caiu 1,7%, e na análise interanual (maio de 2015 contra maio de2014) a queda foi de 1,1%. Na comparação de longo prazo, acumulada em 12 meses (junho de 2014 a maio deste ano contra os 12 meses antecedentes), o indicador registrou queda de 3,3%.
Para o conselheiro da ACE-Guarulhos, o advogado Hugo Mesquita, esse aumento da inadimplência também é observado em relação a outros compromissos financeiros que nem sempre são diagnosticados pelos serviços de proteção ao crédito, como condomínio, aluguéis, convênio e serviços médico-hospitalares, mensalidade escolar etc. “Essa dificuldade da população em honrar seus compromissos, levou-a a utilizar-se das reservas em caderneta de poupança, reduzindo a disponibilidade de recursos e crédito para a indústria da construção civil”, afirma.
“Este fato, aliado à estagnação das obras públicas, por conta dos escândalos envolvendo as maiores empreiteiras do País, está aumentando o desemprego e consequentemente, reduzindo o consumo, comprometendo as atividades comerciais e industriais, em um perigoso círculo vicioso. Efetivamente, o quadro é desalentador e há pouca esperança de se reverter a curto prazo”, completa.
Especialista em administração de condomínios e membro da diretoria executiva da ACE-Guarulhos, Camila Amato acredita que o cenário tem reflexo direto – e negativo – em seu setor de atividade. “Com a crise econômica, o pagamento da taxa condominial está passando para segundo plano, haja visto que a multa e juros de taxas condominiais não são tão agressivas como o cartão de crédito e de outros financiamentos”, afirmou.
A queda registrada pela Boa Vista reflete, além da menor intensidade do ritmo de concessões de empréstimos, uma maior deterioração das variáveis macroeconômicas, tais como desaquecimento do mercado de trabalho, inflação em níveis elevados, aumento dos juros, entre outros. Esses fatores impactam diretamente nos orçamentos familiares. Apesar do mercado de crédito ainda permanecer com um bom desempenho se comparado com os demais indicadores macroeconômicos, o pagamento de dívidas do consumidor dificilmente retornará a um patamar positivo em 2015, e deve fechar o ano com uma queda de 2,0%, na comparação com 2014.
O indicador de recuperação de crédito é elaborado a partir da quantidade de exclusões dos registros de dívidas vencidas e não pagas informados anteriormente à Boa Vista pelas empresas credoras.