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Para FHC, decisão dos EUA é anacronismo

Guarulhos, 07 de março de 2002

O presidente Fernando Henrique Cardoso “lamentou as decisões tomadas pelo governo americano que prejudicaram a indústria siderúrgica” e classificou ontem as medidas protecionistas dos países mais desenvolvidos como “um anacronismo” que se revela, a cada dia, incompatível com os valores da cooperação econômica do plano internacional.

As declarações do presidente foram feitas em discurso no fim da tarde de ontem, na inauguração da 20.ª Feira Comercial Internacional Expocomer, na qual estavam presentes 5 presidentes centro-americanos e cerca de 1.500 empresários.

Mais cedo, em outro discurso na Assembléia Legislativa do Panamá, o presidente também demonstrou seu inconformismo com as medidas adotadas pelos Estados Unidos. “Tomara que o presidente Bush tenha conseguido convencer seus concidadãos que os países em desenvolvimento requerem uma compreensão mais ampla e que não se deve aplicar uma mesma regra que afete todos os países. Há que se ter consideração com os esforços que cada país faz”, disse o presidente, que foi aplaudido de pé.

O discurso de Fernando Henrique contra o protecionismo americano encontrou eco entre os empresários presentes à Expocomer. O presidente da Câmara de Comércio da Indústria do Panamá, Ivan Cohen, ao falar também na abertura da feira, disse que é preciso lutar para que a Área de Livre Comércio das Américas, não nasça já com uma série de estigmas entre os países.

Logo em seguida, o presidente lembrou que a Alca é um projeto que cria grande interesse porque abre de fato novos horizontes para toda região. Ele prosseguiu dizendo que este não é um projeto fácil de ser executado. Para o Fernando Henrique, as condições têm de ser mínimas para que o avanço do livre comércio em nosso continente resulte em fator de desenvolvimento econômico e de justiça social. “São condições necessárias para que o aprofundamento dos vínculos de comércio se faça em favor, e não contra, o esforço de eliminação da pobreza e de redução de desigualdades entre e dentro dos países.”

O presidente salientou ainda que “é fundamental, no marco dos esforços de desenvolvimento latino-americanos, que cada país possa explorar suas vantagens comparativas sem que isso gere reações protecionistas de parte dos países mais ricos”. E acrescentou: “Este é um problema que se torna visível, por exemplo, no caso das exportações brasileiras de aço”.

TÂNIA MONTEIRO