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Para pagar décimo terceiro, empresário deve poupar

Guarulhos, 05 de março de 2002

Todo fim de ano a história de muitos empresários se repete. Sem dinheiro no caixa da empresa, os empreendedores recorrem a empréstimos bancários para pagar despesas como o décimo terceiro salário dos funcionários. A prática é comum, mas pode levar o empresário a bancarrota. “O ideal é que o pagamento do décimo terceiro seja previsto e provisionado todos os meses do ano”, afirma Luís Alberto Lobrigatti, consultor financeiro do Sebrae (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), de São Paulo. A despesa com o décimo terceiro deve ser feita sempre no início do ano, mas é bom que todos os meses se faça os ajustes necessários para manter a programação.

Para pagar os funcionários, o empresário faz o cálculo e todos os meses tira do caixa um valor correspondente a 1/12 do salário de cada empregado. Segundo Lobrigatti, o valor tem que ser tirado das vendas mensais da empresa. “O dinheiro das vendas tem que dar para pagar todas as despesas mensais com funcionários, fornecedores e também as do décimo terceiro”, afirma Lobrigatti. O valor do dinheiro deve ser depositado numa conta poupança ou em qualquer outro tipo de aplicação que seja segura. “O empresário não deve correr riscos com uma aplicação que terá que ser resgatada em menos de doze meses”, diz Lobrigatti. Segundo Lobrigatti, o empresário também pode investir o dinheiro do décimo terceiro salário em compras do mês.

No caso de alguma promoção de um fornecedor, o dinheiro que iria ser depositado na conta poupança pode ser investido na compra de matéria-prima e virar estoque. “O que o empreendedor tem que ter em mente é que no mês seguinte, deve transformar o estoque em dinheiro e colocar na aplicação destinada ao pagamento do décimo terceiro”, diz Lobrigatti. Para transformar o estoque em dinheiro o empresário tem que vender mais que o mês anterior por meio de uma promoção, por exemplo, ou comprar menos para ficar com as contas em dia.

Sem rombo – O empresário paulista José Vanderley Oliveira, sócio-proprietário da Green Clean diz que nunca enfrentou problemas com o pagamento do décimo terceiro salário e das férias dos seus funcionários. O valor é sempre previsto no orçamento anual da empresa e monitorado todos meses. Em geral, Oliveira não faz depósitos mensais em conta poupança. “Trabalhamos controlando o estoque. Quando chega a época de pagarmos os funcionários, nós fazemos promoções e trabalhamos para vender um pouco mais que nos meses anteriores”, diz Oliveira.

Férias – No caso do pagamento de férias, o problema é diferente. Como as férias não representam um salário a mais a ser pago pelo empresário, não é preciso fazer uma provisão. “Agora, se a empresa não pode ficar com um empregado a menos e precisa contratar um terceirizado, é preciso colocar isso no orçamento e planejar como e quando será feito o pagamento”, afirma Lobrigatti.

(Cláudia Marques)