As pequenas e médias empresas foram as responsáveis pelo faturamento do setor de supermercados ter se mantido positivo em 2001. De acordo com dados divulgados ontem pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras), enquanto as 20 maiores redes do setor apresentaram uma queda de 1,3% no faturamento total, as empresas de menor porte registraram um avanço de 3,5% na receita.
Foi isso que garantiu que o total de vendas dos supermercados, já descontados os efeitos da inflação, registrasse expansão de 0,4% no ano passado, apesar da crise pela qual o Brasil passou. Em valores reais – deflacionados pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o faturamento total dos supermercados foi de R$ 67,9 bilhões.
Segundo o presidente da Abras, José Humberto Pires de Araújo, o desempenho do setor revela tendência clara de crescimento dos grupos de menor porte. “Isso teve início em 2000 e foi reforçado no ano passado. As empresas de pequeno e médio porte estão encontrando oportunidades de ação e seus proprietários não querem vender as lojas. Há muito espaço para esse grupo crescer”, disse Araújo.
O bom desempenho das pequenas e médias empresas neste setor levou a uma redução no índice de concentração no Brasil. Enquanto em 2000 as cinco maiores empresas detiveram 41% de toda a receita do setor, no ano passado esse índice caiu para 39%. Embora considere que o fortalecimento das pequenas empresas se configure em uma tendência de médio prazo, Araújo considera que a participação das cinco maiores deve voltar ao patamar de 2000 este ano.
Já a consultoria AC Nielsen, que executou a pesquisa para a Abras, tem uma projeção de aumento mais forte para o índice de concentração, que, segundo o diretor da empresa, João Carlos Lazzarini, deve chegar a 43%. A discrepância nas projeções tem base na diferença de estimativas para o crescimento no faturamento do setor.
A AC Nielsen espera uma expansão de 5% nna receita, por conta da expectativa de aceleração da economia no segundo semestre. A Abras é mais conservadora e trabalha com uma elevação de apenas 2,5% no valor total das vendas. Essa diferença impacta diretamente nos cálculos sobre o crescimento orgânico das empresas, especialmente as de maior porte.
A Abras divulgou ontem também o ranking das maiores redes de supermercados do Brasil, levantamento realizado pela AC Nielsen. Pelo segundo ano consecutivo, a liderança ficou com a Companhia Brasileira de Distribuição (CBD), do Grupo Pão de Açúcar, que obteve um faturamento de R$ 9,8 bilhões, 13,6% das vendas totais do setor. A rede aumentou a distância para o segundo colocado, o grupo francês Carrefour – que teve faturamento de R$ 9,2 bilhões em 2001 -, em relação ao ano 2000.
Houve também mudança de posições entre o grupo português Sonae e a rede de supermercados BomPreço.