O resultado desse movimento foi o fraco ingresso de US$ 800 milhões entre os dias 1º e 23 de maio. De acordo com Lopes, até o fim deste mês, o montante de recursos investidos no Brasil deve chegar a US$ 1,2 bilhão, que ele próprio admite ser baixo, em comparação a meses anteriores. Mesmo assim, o chefe do Depec mantém a projeção de IED da ordem de US$ 18 bilhões até o fim do ano, porque nos meses anteriores a média foi elevada.
Segundo Lopes, o ingresso de investimentos em maio não será suficiente para cobrir o déficit em conta corrente, projetado em US$ 2 bilhões. No acumulado de janeiro a maio, contudo, investimentos estrangeiros deverão superar em cerca de US$ 600 milhões o déficit em transações correntes, estimado para atingir a marca de US$ 7,2 bilhões. Somente em abril, o IED foi de US$ 1,9 bilhão e cobriu 100% da conta deficitária do mês.
Do total ingressado, 55,6% foram destinados para o setor de serviços. Mais uma vez, a área de correio e telecomunicações foi líder, seguida de comércio, serviços prestados a empresas, eletricidade, gás e água quente, ocupando o quinto lugar intermediação financeira.
Para a área industrial, foram destinados 41% dos investimentos. Os destaques foram os setores da indústria de alimentos e bebidas, químicos, fabricantes e montadores de veículos automotores, e máquinas e equipamentos. Agricultura, pecuária e extrativismo mineral receberam os 3,4% restantes.
Chamou a atenção nos investimentos diretos em abril a conversão de US$ 549 milhões de uma dívida da operadora de telefonia fixa Vésper. Com a operação, a empresa quitou a dívida e o credor ganhou uma participação acionária na companhia de telefonia.
A conversão da dívida da Vésper apareceu nas estatísticas do Banco Central como originária das Ilhas Cayman. Com isso, o país, que é um paraíso fiscal, foi a maior fonte de investimento estrangeiro em abril. Os Países Baixos (Holanda) foram a segunda maior origem de IED em abril, seguidos pelos Estados Unidos. No acumulado do ano, contudo, Países Baixos assumem a liderança e as Ilhas Cayman caem para a segunda posição. O Canadá, com a compra da Kaiser pela Molson, fica em terceiro lugar e os Estados Unidos em quarto.
Fábio Graner