O consumidor brasileiro está mais otimista, segundo revela uma sondagem de opinião da Confederação Nacional da Indústria (CNI) referente ao primeiro trimestre de 2002. O índice nacional de expectativa do consumidor subiu 1,9% na comparação com o quarto trimestre do ano passado, o terceiro trimestre consecutivo de alta no índice.
Segundo a CNI, a melhora do ambiente econômico resultou em respostas mais positivas dos entrevistados. Entretanto, a recuperação recente não foi suficiente para que a confiança do brasileiro voltasse aos níveis do início do ano passado.
Na comparação com o primeiro trimestre de 2001, o Índice Nacional de Expectativa do Consumidor (Inec) caiu 1,8%. Em relação ao quarto trimestre do ano passado, o resultado positivo se deve às melhores expectativas para a inflação, desemprego e renda nos próximos seis meses.
Emprego preocupa
Já a queda do índice na comparação com o primeiro trimestre de 2001 reflete o fato de que naquele período o consumidor estava ainda mais otimista com essas variáveis. A pesquisa foi realizada em conjunto com o Ibope. Foram ouvidas 2 mil pessoas em todo o País, entre os últimos dias 14 e 18. A pesquisa da CNI revelou também que as perspectivas para o mercado de trabalho são pessimistas.
Do total de entrevistados, 68% disseram que o desemprego vai aumentar nos próximos seis meses. Apenas 14% esperam redução no desemprego e 19% afirmaram não esperar mudanças.
O medo do desemprego também se mostra bastante presente entre os brasileiros. Nesta pesquisa, 39% dos entrevistados responderam ter muito medo de perder o emprego neste ano. Já 25% disseram ter um pouco de medo e 27% revelaram que não têm medo do desemprego. Destas pessoas, 8% já estavam desempregadas.
As mulheres são as mais preocupadas em perder o emprego – 44% das ouvidas pela sondagem disseram ter muito medo do desemprego. Entre os homens, esse percentual foi de 34%.
Para Flávio Castelo Branco, coordenador da Unidade de Política Econômica da CNI, o crescimento do índice no primeiro trimestre deste ano aponta uma melhora, no período, do ambiente econômico do país, e aumento das expectativas, principalmente quanto à evolução da inflação, desemprego e renda nos próximos seis meses .
Castelo Branco analisou que, apesar do crescimento do índice refletir a melhora da economia, o consumidor ainda se mantém cauteloso. As perspectivas para a evolução da renda, inflação e desemprego são ainda menos favoráveis do que em março do ano passado.
Castelo Branco observou que o índice consolida a percepção de retomada da economia brasileira já mostrada também por outros indicadores. De acordo com ele, as expectativas foram melhorando a partir de junho de 2001 mas ainda não chegaram ao nível de confiança anterior aos choques do ano passado, como o agravamento da crise argentina e o racionamento de energia. Segundo ele, a redução da taxa Selic ainda não impactou a percepção dos consumidores.