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Pesquisa vai revelar perfil de consumo do país

Uma equipe de técnicos e pesquisadores, chefiada pelo estatístico Alexandre Alves Seabra, está dando forma final aos questionários e determinando o número exato de domicílios que serão investigados nas 12 principais capitais brasileiras durante a apuração da Pesquisa de Orçamento Familiar (POF). O trabalho que vai durar um ano.

Aproximadamente 20 mil moradores ” são mais de 1.800 lares cariocas e paulistas e, em média, 1.300 nas outras dez cidades ” responderão às mais de cem páginas de dois ou três questionários sobre tudo o que consomem mês a mês. Há perguntas sobre alimentos, gastos com serviços, bens de consumo, educação, lazer, saúde. Tudo com detalhes sobre quantidades compradas e até mesmo marcas dos produtos. Todos os dados, depois de processados, servirão de base para a nova estrutura do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) ” uma das mais antigas taxas de inflação da FGV, criada em 1947 ” que passará a ser calculado de acordo com a futura ponderação em janeiro de 2004.

A realização da POF é provavelmente a fase mais importante da elaboração de qualquer índice de inflação. A pesquisa serve para determinar os padrões de consumo da população e, a partir daí, medir o impacto da variação de preços de cada produto ou serviço no gastos das famílias. Para não haver falhas na montagem desse perfil, a POF é realizada em quatro fases, uma para cada estação do ano. Isso torna possível estabelecer as variações sazonais nas compras, comum no consumo de alimentos, por exemplo, ou em gastos como matrículas escolares e pagamento de impostos.

” A pesquisa começa em julho, mas as perguntas terão como referência o consumo de junho. Depois investigaremos setembro, dezembro e março, mas sempre nos mesmos domicílios. Assim, teremos uma noção bem clara dos efeitos sazonais no consumo ” diz o coordenador da POF, Alexandre Seabra.

A POF 2002/2003 será a maior já feita pela FGV. Na origem, o IPC era apurado apenas no Rio. Em 1987/88, pela primeira vez, São Paulo foi incluído na pesquisa e o índice passou a ser calculado nas duas cidades. Desde aquela época, o levantamento vem sendo feito a cada cinco anos. Atualmente, a ponderação do IPC carioca e paulista obedece à estrutura de consumo determinada pela POF 1997/98, a primeira do pós-Real.

Na última POF, os itens de habitação, pela primeira vez, ultrapassaram as despesas com alimentação nos orçamentos. O grupo que inclui aluguel, condomínio e tarifas públicas abocanha mais de 31% dos gastos das famílias, seis pontos percentuais acima da POF-92/93. Já os alimentos tiveram seu peso reduzido de 32% em média para 25%. O grupo educação manteve a participação próxima de 9% no IPC nas duas pesquisas.

Nesta edição, pela primeira vez, empresas interessadas em conhecer seus consumidores poderão incluir perguntas específicas na POF. A FGV está vendendo espaço nos questionários e, posteriormente, vai oferecer também os resultados ao mercado.

” Teremos informações completas sobre renda e consumo das famílias, características dos moradores e dos domicílios, como por exemplo número de quartos e banheiros, posse de bens duráveis e graus de parentesco – anuncia Seabra. A equipe da FGV já fez apresentações para empresas de Rio, Recife e Curitiba. Na próxima semana, estará em São Paulo.

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