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Petróleo sobe, ações da Petrobras acompanham

Guarulhos, 09 de abril de 2002

O reajuste acumulado em 23% do combustível para as refinarias este ano já está enchendo os olhos dos investidores em ações da Petrobras. Na primeira segunda-feira após o último repasse de preços aplicado pela Petrobras, no sábado, os papéis preferenciais da estatal tiveram a quinta maior alta da Bolsa de Valores de São Paulo, fechando a R$ 41,99, com valorização de 1,1%. Mais empolgados com promessa de lucros estrondosos, analistas estimam que as ações da empresa poderão valer entre R$ 65 e R$ 82,90 até o final de 2002.

A analista de petróleo da Bes Securities, Mônica Araújo, já reviu suas projeções de ganhos para a Petrobras. Ela acredita que a petroquímica poderá ter um lucro de R$ 10,9 bilhões até o final de dezembro, caso os preços do barril de petróleo fiquem cotados a uma média de US$ 23 no ano.

– Tudo vai depender de como se comportará o preço do petróleo. Minha projeção era de US$ 18 por barril mas, apenas no primeiro trimestre, essa média foi de US$ 21,40. Não acho que as cotações ficarão no patamar de US$ 27, como estão agora, mas poderão estacionar em US$ 23 – diz.

As perspectivas da analista motivaram também a revisão de suas projeções para o preço do papel da estatal, que poderá chegar a R$ 82,90 até o final de 2002, segundo Mônica.

Já o analista Alexandre Viana, da Sul América Investimentos, acredita que as ações da estatal serão negociadas a R$ 65 até dezembro, principalmente se os conflitos entre Israel e Palestina se agravarem. Neste caso, estima, os barris de petróleo ultrapassarão US$ 30 no curto prazo.

Eduardo Roche, do Bank of America, também prevê resultados bem maiores para a empresa. Seus cálculos apontam para R$ 10,5 bilhões de lucro até o final de dezembro, sendo que a maior parte desses ganhos deverá se concentrar no segundo trimestre, quando haverá o impacto dos reajustes de preços praticados desde março.

Roche – que estima uma cotação entre R$ 65 e R$ 70 para as ações da empresa até o final do ano – lembra que os preços dos combustíveis tiveram uma queda de 25% nas refinarias em janeiro. De março para cá, contudo, esses valores foram invertidos para uma alta de 23%. Sem contar que, para a Petrobras, o reajuste real foi de 59,63%.

– A Petrobras aplicou um reajuste de 23% para as refinarias mas, na prática, elevou seus ganhos em 59,63%. Isso acontece porque o Cide, imposto recolhido pelo governo, é fixado em R$ 0,50. Mesmo que haja reajustes dos valores de venda do combustível, a arrecadação deste tributo continua sendo a mesma – diz.

O analista de petróleo do Pactual, Luís Otávio Laydner, ressalta que se o valor do imposto variasse conforme os aumentos de preço aplicados às refinarias, a gasolina estaria custando muito mais cara para o consumidor. Isto aconteceria porque o repasse da variação das cotações de petróleo no mercado externo seria integral.

– Na verdade, o governo acabou criando um modelo de imposto que deu certo. Houve uma tragédia no mercado internacional de petróleo e a Petrobras conseguiu contornar a situação aqui dentro sem que houvesse uma tragédia também para o consumidor – concorda o analista de Petróleo do Unibanco, Cleomar Parise, ressaltando que os barris do óleo já estão custando 42% a mais que em janeiro deste ano.

Parise também está revendo para cima as projeções de ganhos da Petrobras no segundo trimestre deste ano, quando os resultados deverão ser influenciados pelos reajustes da gasolina. A empresa fechou o ano passado com um lucro líquido de R$ 9,867 bilhões, sendo que os ganhos do último trimestre ficaram em R$ 2,8 bilhões. Este ano, os cálculos do analista apontam para um lucro líquido de R$ 1,6 bilhão no primeiro trimestre. No segundo, estima, o lucro da empresa deverá voltar ao patamar do mesmo período do ano passado, de R$ 3,1 bilhões.

Juliana Rangel