Os preços de massas e do pão francês, que aumentaram em junho, poderão continuar em trajetória de alta este mês. É que a farinha de trigo, segundo avaliação do Sindustrigo, que representa os moinhos, já está custando em média 25% mais, o que significa que o preço do saco de 50 quilos passou, no começo do mês, de R$ 40 para perto de R$ 50.
“Tentamos segurar o máximo de tempo possível, para evitar aumentos nos preços do pão e demais produtos da cesta básica. Mas não há como enfrentar os fortes impactos sobre os custos dos moinhos”, diz o presidente do Sindustrigo, Ricardo Ferraz, referindo-se à crise argentina e à disparada do dólar, que pressionaram o preço de importação do trigo.
O presidente do Sindicato da Indústria da Panificação de São Paulo, Frederico Maia, já encaminhou um pedido à Secretaria de Acompanhamento Econômico (Seae), para que fique de olho na situação. “Não estamos vendo abuso nos aumentos da farinha. Só informamos à Seae que é preciso ficar alerta ao estrago que essa alta pode provocar, inclusive porque além da pressão sobre os preços, já estamos sentindo uma ligeira queda na oferta do produto no mercado interno, o que pode complicar o quadro”, afirma Maia.
Segundo ele, o preço do pãozinho de 50 gramas, que tinha ficado estável entre novembro do ano passado e maio deste ano, já subiu de uma média de R$ 0,17 para R$ 0,19 a unidade. Não só pelo aumento da farinha, mas pela pressão de insumos e tarifas, como gás e energia elétrica. Para Maia, com mais aumentos sobre a farinha, os preços podem subir até mais que 25%. Algumas panificadoras da cidade, apesar do pouco espaço para aumentar preços ao consumidor, chegam a cobrar R$ 0,25 a unidade.
Cautela
A indústria de macarrão ” que já foi obrigada a fazer ajuste médio de 10% em suas tabelas em junho, aumentando o preço médio do quilo da massa de R$ 3 para R$ 3,30 ” por enquanto não prevê novas altas. Mas também está em alerta.
“Estamos cautelosos, por conta da turbulência que atinge os preços do trigo. Isso mexe muito com o nosso setor”, diz o gerente da Associação Brasileira da Indústria de Massas (Abima), Alexandre Rodrigues.