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Presidente adverte sobre catástrofe caso os EUA ataquem.

Guarulhos, 24 de setembro de 2001

O presidente do Irã, Mohammad Khatami, advertiu sobre a possibilidade de uma catástrofe e sobre um choque entre o Ocidente e os muçulmanos caso os Estados Unidos ataquem o Afeganistão em resposta aos atentados suicidas do dia 11, informou a TV estatal do país hoje.

O presidente reformista, cujo país apoiou o chamado do governo norte-americano para uma “guerra contra o terrorismo”, insiste que essas ações contra o terror sejam tomadas pela ONU (Organização das Nações Unidas). Khatami pediu para que os muçulmanos concordem a respeito de uma definição única do terrorismo e que trabalhem juntos para evitar um desastre.

Qualquer ação retaliatória unilateral dos EUA poderia detonar um confronto entre o mundo ocidental e o muçulmano, afirmou Khatami.

O líder iraniano comunicou sua opinião em conversas telefônicas mantidas ontem com os presidente egípcio, Hosni Mubarak, e sírio, Bashar al-Assad, e com o príncipe Abdullah, herdeiro do trono da Arábia Saudita.

“Não se deve usar esse incidente como pretexto para que se provoque uma outra catástrofe”, disse Khatami a Abdullah.

Os comentários do presidente iraniano foram feitos em meio a advertências de clérigos muçulmanos de que o mundo islâmico não assistiria em silêncio aos ataques dos EUA contra o Afeganistão.

A TV al Jazeera, do Qatar, divulgou as seguinte declarações do aiatolá Makarem-Shirazi: “O mundo islâmico não assistirá impassível a um ataque contra um país muçulmano”.

“Tenho esperanças de que o mundo muçulmano e árabe possa cumprir suas responsabilidades nessa delicada situação a fim de evitar uma catástrofe humana”, disse Khatami.

Apesar de sua oposição ao Taleban (grupo islâmico que controla 90% do território do Afeganistão desde 1998 e impôs um regime marcado pelo extremismo e pelo conservadorismo), o Irã teme um fluxo de refugiados vindo do vizinho Afeganistão caso os EUA ataquem o país.