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Produtos inovadores encontram barreiras no mercado brasileiro

Uma das principais dificuldades dos pesquisadores brasileiros é conseguir apoio financeiro de fundos de capital de risco para viabilizar comercialmente suas invenções. Entre os diversos exemplos encontrados no País, destaca-se Cícero Souza Filho, diretor-proprietário da Komlux, que desenvolveu uma manta portátil para o tratamento de recém-nascidos com icterícia. Para a criação do produto, houve o financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

“Apesar de ser um invento inovador, não consegui recursos dos fundos de capital de risco para lançá-lo no mercado. Vou investir R$ 80 mil para sua viabilização comercial, mas ainda estou em busca de patrocinadores”, diz Souza Filho.

Outro exemplo é o médico Ricardo Kortas, proprietário da KIIM – Kortas Informática Instrumentação Médica, que também recebeu apoio da Fapesp para o desenvolvimento de um produto inédito. Uma miniatura de aparelho portátil, denominada miniholter, que permite a gravação de eletrocardiogramas. “Já consegui vender alguns aparelhos, mas não recebi apoio de nenhum fundo de capital de risco. Desenvolvi outros equipamentos inovadores, mas todos com o meu próprio dinheiro”.

Segundo Michal Gartenkraut, reitor do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), um dos principais fatores que contribuem para essa realidade é o elevado índice do risco-país brasileiro. “O Brasil apresenta 450 pontos de diferença em relação ao México. Um fundo de capital de risco precisa ter lucro”, diz.

De acordo com Jerônimo Souza, diretor presidente da Fundação Casimiro Montenegro Filho, o país ainda apresenta um sistema frágil. “Muitos projetos desenvolvidos em incubadoras e universidades não conseguem ser viabilizados economicamente”, diz o diretor presidente.

Já o engenheiro Ronald Eckmann, diretor da Siemens, afirma que essa realidade está mudando, pois estão surgindo novos fundos de capital de risco e incubadoras. “Há cinco anos atrás isso não acontecia. Foi criado um novo fundo de capital de risco, o Votorantim Venture, mas poucos sabem ainda que ele existe”, diz. Ronald Eckmann.

Para Gartenkraut, é necessário que haja melhor relacionamento entre empresas, governo e universidades. “Estamos num processo de transição. No entanto, é preciso agilizá-lo, para não ficarmos ainda mais atrasados em relação aos outros países”.

Esses e outros assuntos serão discutidos no seminário “Alca e seu impacto no desenvolvimento tecnológico brasileiro”, que acontecerá entre os dias 15 e 17 de abril, no Centro de Convenções Pompéia, em São Paulo.

Fabiana Pio

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