Os reajustes salariais do primeiro semestre ficaram acima da inflação do período, apesar dos impactos negativos das crises energética e argentina e da desvalorização cambial sobre a economia brasileira. Isso é o que revela o balanço das negociações salariais fechadas entre janeiro e junho deste ano, divulgado hoje pelo Dieese.
De acordo com o estudo, 129 das 188 categorias profissionais analisadas tiveram reajuste salarial no primeiro semestre acima do INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) do IBGE, que foi de 3,81% no período.
Isso significa que a maioria dos grupos de trabalhadores (68%) conseguiu ganhos superiores ou iguais à inflação. Desse total, 51,06% tiveram reajustes salariais superior ao INPC e 17,55% aumentos iguais à variação do índice.
Em 1999, considerado pelos sindicalistas como o pior ano para as negociações coletivas desde a implantação do Plano Real, apenas 50% das categorias profissionais asseguraram a reposição da inflação.
O balanço dos acordos coletivos fechados no primeiro semestre demonstra que o resultado ficou semelhante ao registrado no mesmo período de 2000, tido como o melhor ano para as negociações salariais do plano Real.
Apesar do bom desempenho das campanhas salariais do primeiro semestre, os reflexos da crise de energia já começaram a ser sentidas em abril, quando foram anunciadas as primeiras medidas do plano de racionamento.
De acordo com o balanço do Dieese, o percentual de categorias profissionais que registraram perdas salariais em relação ao INPC passou para 20%. Nos dois primeiros meses do ano, 100% dos acordos coletivos resultaram em recomposição salarial integral. Em março, 10% das negociações salariais fechadas ficaram abaixo da inflação.
A dificuldade de recompor a variação de preços nos salariais ficou ainda pior em maio, quando 40% dos acordos coletivos tiveram índices de aumento inferiores ao INPC. Em junho, 50% das negociações fechadas ficaram abaixo do INPC.