O número de contas de luz, água e telefone pagas no comércio varejista deve aumentar 40% este ano, chegando a 35 milhões de unidades. Além do ganho de R$ 0,14 por conta recebida, os comerciantes podem lucrar com o aumento no movimento das lojas que utilizam esse sistema. O fluxo de pessoas têm crescido até 20% com esse sistema.
Um exemplo dessa elevação é lembrado por Márcia Maekawa, sócia-proprietária do Mercado Rede Imperador, no Jardim Ipanema, zona leste da cidade. Ela conta que desde que o estabelecimento começou a receber o pagamento das contas, há cerca de 4 meses, o faturamento cresceu em 20% . Márcia diz que, no princípio, ela achava que as pessoas apareciam no mercado apenas para pagar as contas – mas percebeu que, com o passar do tempo, elas também começavam a comprar os produtos do mercado e tornavam-se clientes.
Segundo ela, não foi preciso esforço para propagar a notícia de que as contas poderiam ser pagas no seu estabelecimento. “O boca-a-boca foi atraindo os clientes, e agora recebo contas todos os dias”, explicou. Para cada conta recebida, ela recebe R$ 0,14 da Interchange Serviços S/A, que instalou o sistema Pague e Pronto! no caixa do seu mini-mercado. Ela lembra, no entanto, que a receita com as tarifas não é a parte mais importante do acordo. “A vantagem maior é aumentar as vendas e não o dinheiro da conta”, explicou. Aos sábados, quando o movimento na loja é maior, ela deixa uma pessoa apenas para receber os pagamentos, mas diz que isso não representa um custo maior, já que o serviço é feito por uma funcionária da própria loja.
O único inconveniente de atuar como agente arrecadador, de acordo com Márcia, é ter que ir ao banco realizar o depósito no valor dos recebimentos do dia anterior. “O comerciante não costuma ter muito tempo livre, e, para diminuir o problema, procuro descobrir o melhor horário para evitar a fila do banco”, justificou. A reclamação dos clientes é que não se pode pagar a conta de luz.
O gerente geral da Interchange, Willians Pressi, diz que esse pagamento é permitido em outros estados, mas conta que a Eletropaulo rompeu o convênio.
Pressi lembra que cerca de 41% das redes credenciadas são farmácias e 12% supermercados, mas explica que basta o estabelecimento ter um computador com processador Pentium, trabalhar com sistema operacional Windows 95 e possuir uma impressora fiscal ou não-fiscal para se tornar um agente. De acordo com ele, caso a empresa possua esses pré-requisitos, o custo de instalação do sistema para o varejista é zero. “Instalamos o software, damos treinamento, oferecemos um kit de propaganda e existe o serviço de suporte técnico”, disse Pressi.
A receita da Interchange vem da diferença entre a tarifa paga pela concessionária e o que ela repassa mensalmente para os varejistas. Atualmente, a empresa trabalha com 2 mil agentes arrecadadores, mas tem como meta ampliar esse número para 2,5 mil até o final do ano. De acordo com Pressi, já foram recebidas 14 milhões de contas até a metade do ano, mas a expectativa é de que sejam feitos 35 milhões de pagamentos até dezembro, com giro financeiro de R$ 1,3 bilhão. Caso as metas sejam atingidas, o faturamento da empresa deve crescer 112%, em 2002.
O gerente da empresa diz que antes de credenciar um arrecadador é feita uma consulta na Serasa tanto em relação à empresa quanto aos sócios. “Pedimos uma documentação básica e fazemos uma visita para conhecer o cliente”. Isso ocorre porque fica a cargo do comerciante depositar o valor arrecadado durante o dia, na conta da concessionária no dia seguinte. Para evitar maiores problemas, existe um limite de R$ 10 mil que pode ser recebido diariamente.
Fernando Torres