Retração segue refletindo bem nas contas externas
O recuo do consumo e do investimento provocados pela crise econômica, que reduziu a aquisição de produtos importados, foi a principal causa da melhora das contas externas brasileiras neste ano. Em junho, a balança comercial apresentou robusto superávit de US$ 4,5 bilhões, mesmo tendo as exportações e importações diminuídas de 8,7% e 20,6%, respectivamente, em relação ao mesmo mês de 2014.
Com esse resultado, o déficit das transações correntes, que mede o valor das exportações menos importações de bens e serviços, manteve, neste primeiro semestre, tendência decrescente, conforme revelam os dados sobre o balanço de pagamentos, divulgados recentemente pelo Banco Central.
A desaceleração da atividade econômica, combinada com a alta do dólar, de aproximadamente 40% nos últimos doze meses, reverteu o saldo negativo da balança comercial, e continua diminuindo o déficit das principais contas do balanço de pagamentos, destacando-se a redução das viagens de turistas brasileiros ao exterior e da remessa de lucros pelas empresas estrangeiras localizadas no país.
As transações correntes fecharam o ano de 2014 com déficit de US$ 104,8 bilhões, que diminuiu para US$ 93,1 bilhões nos últimos doze meses, acumulados até junho. Os investimentos diretos das empresas estrangeiras, que englobam os reinvestimentos feitos no país, responderam por 88,0% da cobertura desse saldo negativo das contas externas, sendo o restante financiado por investimentos de curto prazo, como aplicações em bolsa e títulos de renda fixa. A forte volatilidade dos mercados domésticos não tem impedido que continue robusto o fluxo de capitais estrangeiros para o Brasil.
Em síntese, o retrocesso econômico deve continuar reduzindo o rombo das contas externas no decorrer dos próximos meses, e uma indicação disso já é o superávit alcançado pela balança comercial, de US$ 1,7 bilhão, até a terceira semana de julho, conforme dados do Ministério de desenvolvimento da Indústria e Comércio.