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Só a prevenção impede avanço da dengue

Em pleno século 21, São Paulo começa a enfrentar um grande desafio na área da saúde: o combate à dengue. Apesar de já ter registrado 276 casos (10 deles não importados) desde o começo do ano, a capital não deverá viver o drama pelo qual passam hoje as cidades cariocas. A opinião é do médico Sérgio Cimerman, infectologista do Instituto de Infectologia Emílio Ribas. “A cidade é muito grande e pode acomodar milhares de focos do mosquito, principalmente por ter muitas construções e plantas que vivem em recepientes com água. Mesmo com o risco sendo grande, não acredito que a situação aqui fique igual a do Rio”, afirmou. Na opinião do especialista as medidas preventivas que estão sendo tomadas pela Prefeitura e outros órgãos públicos devem reduzir o número de pessoas infectadas. “As medidas preventivas oficiais junto com a conscientização da população evitarão a proliferação da doença a níveis alarmantes”, disse.

Há dois séculos – O vírus que já causa epidemias em Mato Grosso, Goiânia e Rio de Janeiro surgiu há mais de 200 anos na Ásia e África e é transmitido pelo mosquito Aedes aegypti. De acordo com dados da Superintendência de Controle de Endemias (Sucen), a primeira epidemia de dengue foi constatada clinica e laboratorialmente entre os anos de 1981 e 1982 em Boa Vista, no Estado de Roraima, registrando os tipos 1 e 4. Porém, apesar da falta de registros oficiais, sabe-se que a dengue chegou ao País por volta dos anos 40, pois na década de 50 houve um grande trabalho para tentar erradicar o mosquito. Desde a primeira epidemia documentada (em 1982), milhares de casos já foram registrados. Somente no Rio de Janeiro mais de 25 mil pessoas foram contaminadas com o vírus tipos 1 e 2 e, recentemente, também com o vírus tipo 3, que predispõe à ocorrência da dengue hemorrágica, a forma mais grave da doença. No Estado de São Paulo, a primeira epidemia aconteceu em 1990 e registrou cerca de 6700 casos diagnosticados laboratorialmente.

Sintomas – Após a picada do mosquito Aedes Aegypti, o vírus tem um período de incubação variável de 3 a 15 dias, sendo em média de 5 a 7 dias. A contaminação só pode ser confirmada por meio de exames clínicos e laboratoriais (sangue) e investigação epidemiológica. Entre os sintomas da doença estão febre alta (entre 39º e 40º graus), dor de cabeça, dores fortes no globo ocular e em toda a musculatura, nos ossos e nas juntas e até falta de apetite, erupções na pele e vômitos. No caso da dengue tipo hemorrágica, além dos sintomas anteriores também ocorre sangramento pelas gengivas, pele e intestino, choque séptico (pulsação acelerada, queda de pressão, etc) e até a morte. Ainda não há vacina contra a dengue e a prevenção só pode ser feita por meio do controle da procriação do mosquito.

Tratamento, – De acordo com o médico Sérgio Cimerman, não existe tratamento específico para a dengue clássica, ou seja, apenas os sintomas é que são tratados com analgésicos e antitérmicos. Cimerman alerta que apenas devem ser evitados os medicamentos à base de salicilatos (encontrado no AAS, por exemplo) já que seu uso pode favorecer o aparecimento de manifestações hemorrágicas. Já as pessoas contaminadas com a dengue hemorrágica devem ser observadas cuidadosamente para a identificação dos primeiros sinais de choque séptico. O período crítico da doença acontece durante a transição da fase febril para a afebril, que geralmente ocorre após o terceiro dia. Nos primeiros sinais de choque, o paciente deve ser internado imediatamente para evitar a desidratação. “No caso de dengue hemorrágica, o tratamento requer emergência médica (UTI), para evitar desidratação e o choque séptico”, afirmou Cimerman Um dos problemas da doença é que a imunidade é de longa duração e sorotipo específico, ou seja, os infectados pelo sorotipo 1 são imunes em relação a este, mas podem ser reinfectados por qualquer um dos outros três tipos, podendo ser vítima até da dengue hemorrágica.

(Kelly Ferreira)

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