Saae afirma que Sabesp cobra 72% a mais pela água fornecida a Guarulhos
O Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) de Guarulhos discorda dos valores cobrados pela Companhia de Saneamento Básico (Sabesp). A estatal reajustou no dia 11 de setembro o preço do metro cúbico de água de R$ 1,14 para R$ 1,19. Entretanto, segundo o diretor comercial e financeiro da autarquia municipal, Heraldo Marcon, a cobrança é excessiva. “Encomendamos um estudo da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) que revelou que o valor é inferior. Atualmente em torno de R$ 0,69 pelo metro cúbico.” A diferença é de 72%.
Até agosto, a Sabesp cobrava R$ 9,8 milhões por cerca de 8,6 milhões de metros cúbicos de água comprados pelo Saae por mês. A autarquia municipal pagava R$ 5,8 milhões. Com isso, a diferença de R$ 4 milhões por mês, cerca de R$ 48 milhões por ano, era processada pela estatal. Com o reajuste, a Sabesp exige R$ 10,2 milhões, porém a cidade quitará apenas R$ 5, 9 milhões.
Não é só em Guarulhos que há questionamento sobre os valores comercializados pela Sabesp. A Companhia de Saneamento de Diadema (Saned) possui um acordo judicial com a estatal para pagar somente R$ 0,77 por metro cúbico de água, inferior aos R$ 1,19 pedidos ao Saae. Diadema compra em media 3,2 milhões de metros cúbicos de água por mês.
O Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André (Semasa) adquire 5,1 milhões de metros cúbicos de água por mês da Sabesp. A produção abastece 94% das residências da cidade. Enquanto a Sabesp cobra os mesmos R$ 1,19 por metro cúbico de água, o Semasa paga R$ 0,42. A assessoria de imprensa da autarquia explicou que o Semasa fez um estudo com os valores cobrados na região metropolitana e os serviços prestados e chegou ao valor quitado. A estatal entra mensalmente na Justiça contra o Semasa.
O Saae deixou de pagar a água comprada pela Sabesp entre 1995 e 2000. A estatal cobra R$ 700 milhões pelo período, enquanto o município acredita que deve somente R$ 120 milhões. Os valores são questionados na Justiça. Por enquanto, o Saae foi condenado a pagar R$ 300 milhões em precatórios em 10 anos. Neste ano, sanará R$ 35 milhões da dívida. Em entrevista na rádio comunitária Multi FM, o superintendente da unidade de Negócio Leste da Sabesp, Dante Ragazzi Pauli, declarou que as pendências podem ter solução no futuro. “Estamos renegociando a dívida e o tratamento de esgoto em Guarulhos. Temos que olhar para frente, para possíveis acordos e parcerias.”