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Transbrasil pode perder rotas amanhã

Guarulhos, 02 de janeiro de 2002

A Transbrasil pode perder as 23 rotas que possui, se não conseguir voltar a voar até o próximo dia 3. Mas o Departamento de Aviação Civil (DAC) já considera dar à companhia aérea mais seis meses para se reerguer e pleitear novas rotas.

“Não é interesse do DAC decretar a morte de uma empresa. Podemos ou não tirar as linhas no dia 3. Se a empresa justificar um pedido de prorrogação, poderemos prorrogar”, afirmou à Reuters a assessoria de imprensa do DAC na última sexta-feira.

Sem voar desde o dia 3 de dezembro, por falta de recursos para colocar combustível nas aeronaves, a Transbrasil afirmou por meio de sua assessoria que continua lutando para voltar a voar antes de que se complete um mês. As chances porém, segundo fontes da própria empresa, são mínimas.

Até parar de voar, a Transbrasil tinha 90 frequências diárias para 22 cidades no Brasil e para Buenos Aires.

Uma das únicas esperanças de retomada das operações seria um crédito junto à BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras . Desde a parada das operações, a Transbrasil tenta conversar com a estatal, sem conseguir nenhum avanço.

“Não houve mudança na posição da BR em relação à Transbrasil. Para voar tem que quitar sua dívida”, informou a assessoria da BR. A companhia aérea deve R$ 12,5 milhões à BR.

Esta semana, a Transbrasil chegou a convocar alguns aeronautas para voltar ao trabalho. Mas de acordo com a presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA), Grazziela Baggio, antes de retomar as atividades os profissionais teriam que abrir mão de receber o aviso prévio em caso de demissão.

A empresa está com salários atrasados desde setembro e reduziu seu quadro de funcionários para 1,2 mil pessoas este mês, colocando na rua mil empregados. Há poucos meses, a empresa já havia demitido duas mil pessoas, sem pagar porém nenhuma rescisão contratual.

Outras companhias aéreas como TAM, Varig e Gol, prevendo o fim da empresa, se candidataram a ocupar seu espaço nos aeroportos. No caso da TAM, depois de acordo com o Sindicato dos Aeronautas, a intenção é assumir os empregados da empresa. O DAC, porém, alertou que o acordo deverá ser de longo prazo.

“O DAC apóia esse tipo de acordo porque quer preservar empregos, mas a TAM terá que se comprometer por no mínimo 15 anos com esses empregados”, informou a assessoria de imprensa do DAC.

Na avaliação da Varig, se a Transbrasil perder os espaços nos aeroportos deve haver uma licitação. “Claro que temos interesse, mas se a empresa não for mais operar, volta tudo para o poder público para uma licitação”, explicou à Reuters o diretor comercial da Varig, Roberto Macedo.

Ele observou, porém, que não é momento de expansão de linhas nem de empregados, e que o interesse da Varig está concentrado nas instalações aeroportuárias e nos slots (espaços de vôo) da empresa.