Varejo de peças para carros antigos movimenta R$ 5 mi
O mercado de peças para carros antigos conta com cerca de 150 comerciantes no Brasil, cem deles concentrados no Estado de São Paulo. O setor movimenta mais de R$ 5 milhões por ano.
As feiras são o principal meio de comercialização de peças para carros antigos no País. “Apenas 10% dos comerciantes têm loja”, afirma o presidente da Federação Paulista de Automóveis Antigos, Humberto Domingos Abonante, mais conhecido como Mingo. Segundo ele, os vendedores põem anúncios em revistas especializadas para divulgar e comercializar seus produtos.
A principal feira desse ramo, segundo Mingo, acontece na praça Júlio Prestes, em São Paulo, no primeiro e no terceiro domingo de cada mês. Esses eventos reúnem cerca de 60 vendedores e movimentam anualmente, em conjunto, em torno de R$ 1,44 milhão.
São realizadas também cinco grandes feiras de quatro dias por ano, com 150 barracas e faturamento total estimado em R$ 3,75 milhões. “As principais acontecem em Serra Negra, Águas de Lindóia, São Lourenço e Araxá.” Uma outra feira do setor é realizada terça à noite, no Sambódromo de São Paulo.
“Uma peça comprada por um comerciante por R$ 10 nos Estados Unidos passa a valer R$ 20 no Brasil”, conta Mingo. Ele explica que isso acontece porque o custo de importação é muito alto. “Quem compra legalmente paga 60% de imposto.”
Lotes de produtos podem também ser adquiridos em lojas que desativam seus estoques. Neste caso, o custo é mais baixo e os comerciantes acabam conseguindo vender mais barato.
Os preços das peças para o consumidor final variam muito, dependendo da origem – peças importadas novas, recuperadas, adquiridas em lotes que iriam para ferros-velhos.
“Esse comércio é importante porque ajuda a conservar os automóveis antigos, que são patrimônio nacional”, comenta Mingo. Ele ressalta que são vendidas desde peças para Ford Modelo A (de 1928 a 1931) até para automóveis de 1980, como Mustang e Landau.
“O carro nacional está muito valorizado, é o que está sendo mais procurado”, afirma Mingo. De acordo com ele, as peças para o Willys Interlagos e o Sinca são as mais valorizadas. As mais procuradas são as do Fusca antigo, do Opala e também do Willys Interlagos. “São difíceis de encontrar”, observa.
O presidente da Federação acredita que esse é um comércio muito promissor, uma vez que há “cada vez mais gente entrando no negócio, a partir do momento em que encontram dificuldade de arrumar emprego. O número de comerciantes no País aumenta cerca de 10% ao ano”.
Mingo foi pioneiro no mercado e está há 35 anos no ramo. “Nessa época, não existiam essas feiras, que começaram de 25 anos para cá”, conta ele, que depois de assumir a presidência da Federação deixou seu filho no comendo de sua loja de peças para carros antigos.
As vendas nesse segmento vêm melhorando, “porque há muita gente nova interessada em comprar automóveis antigos”, diz Mingo, ressaltando que 90% dos consumidores são colecionadores. “Outras pessoas compram para usar e algumas para restaurar carros e revender”.
A loja Veusautos Antigos, no Rio de Janeiro, tem crescimento mensal de 10% nas vendas e investe 100% do lucro em estoque, segundo o proprietário, Vicente Eustáquio dos Santos.
Mila Marques