Velozes e Furiosos é overdose de testosterona
Velozes e Furiosos, que estréia em circuito nacional, faz jus ao título. É um filme cuja pornografia não fica por conta das mulheres sensuais – elas aparecem como meras coadjuvantes –, mas dos carros para lá de envenenados, elevando os níveis de testosterona dos apaixonados por motores e graxa.
Em Velozes e Furiosos, cada vez que um capô é aberto surge um clima quase sensual no cinema, como se os aficionados por potência estivessem prestes a ter um orgasmo com o ronco das supermáquinas.
Mas não espere “caretices” cinematográficas como enredo, diálogos, linguagem ou personagens bem-trabalhados. O veterano diretor Rob Cohen (de Sociedade Secreta e Daylight), fã assumido de “junk movie”, abusou dos efeitos especiais que em alguns momentos fazem o público passar por dentro dos motores.
O enredo é apenas uma desculpa para as cenas de perseguição em que os carros entram debaixo de caminhões ao som de rap e hip-hop.
No filme, o galã rebelde Brian (Paul Walker) – o único loiro fatal em uma Los Angeles cheia de estereótipos raciais – conquista o respeito de Dom (Vin Diesel), líder de uma gangue fanática por corridas de rua. Como em qualquer produção carregada de clichês, Brian conquista a “mocinha” Mia (Jordana Brewster), irmã de Dom.
Enquanto os garotos trocam marchas e afundam o pé no acelerador, a polícia e o FBI estão à caça de um grupo de bandidos especializado em roubo de cargas de caminhão.
Os assaltos ocorrem nas autoestradas do sul da Califórnia, com caminhões de várias toneladas voando a 140 quilômetros por hora. Os principais suspeitos são Dom e Johnny Tran (Rick Yune), um corredor rival que adora motocicletas e violência.
Velozes e Furiosos, assim como alguns outros do gênero, como Driven (com Sylvester Stallone), e 60 Segundos (com Nicholas Cage), é recheado de clichês machistas e brigas de gangues. A tendência, então, é fazer homens entre 15 e 35 anos vibrarem com os roncos dos motores, mas provocar cara feia em muitas namoradas.