A história de Viriato começa quando o pretor romano Sulpício Galba em 150 aC reuniu 30 mil homens que receberiam terras e viveriam sossegados. Os romanos colocou todos estes homens em três acampamentos e os obrigou a entregar todas as armas e depois que todos estavam desarmados mandou as legiões que matassem a todos. Foram assassinados uns 20.000 lusitanos escapando entre eles Viriato que, a partir daí, começou a lutar ferozmente contra os romanos traidores que faziam sempre esta perfídia.
Na península ibérica, onde, hoje, se localizam os Portugal e Espanha, havia nos anos 200 aC, uma tribo denominada lusitanos que vivia perto do Oceano Atlântico entre os rios Tejo e Douro, anos depois denominada de Lusitânia pelos romanos.
Ninguém sabe exatamente a cidade onde nasceu Viriato, e só sabemos por meio dos escritos dos romanos, pois durante oito anos ele destruiu todas as legiões romanas que foram enviadas contra ele.Viriato nasceu em 170 aC.
Muitos portugueses dizem que Viriato nasceu na Serra da Estrela, mas como a mesma é longe do mar, alguns historiadores dizem que nasceu perto do mar.
O nome Viriato deriva do ibérico viria que significa pulseira e, então, Viriato é o portador de pulseiras assim como Torquato é o portador de torques, ou seja, colar.
Os romanos comandados por Cepião tiveram que subornar três amigos de Viriato: Audax, Ditalco e Minuro (ou Nicorontes) para que o assassinassem e assim pudessem destruir os lusitanos. Viriato foi assassinado quando estava dormindo pelos três amigos que o feriram no pescoço. O cadáver de Viriato foi ricamente vestido e queimado numa pira altíssima.
Não se sabe o que aconteceu com os três assassinos que provavelmente voltaram para suas casas na cidade de Urso, onde hoje fica a Espanha. Possivelmente, os traidores de Viriato morreram tranqüilamente em suas camas, de velhice. Os romanos sempre afirmavam que Roma não paga os traidores, o que não é bem verdade. No começo nem os romanos nem os cartagineses tinham interesse na Hispânia que é a denominação antiga da península ibérica.
Os lusitanos eram povos valentes e que sabiam usar bem os cavalos, que corriam como o vento, além de serem peritos na técnica de guerrilha. Havia o mito de que as éguas lusitanas eram fecundadas pelo vento, devido a sua agilidade. Salientamos que, os lusitanos já usavam o freio (embocadura) nos cavalos.
Os cartagineses, depois de perderem a primeira guerra púnica com os romanos, passaram a explorar as minas de prata e cobre que havia na Hispânia. Na segunda guerra púnica, os romanos atacaram as cidades cartagineses na Hispânia e viram que podiam auferir um bom lucro com a mineração e passaram a ocupar algumas regiões.
Na região onde viviam os Lusitanos faltava terras para muita gente, apesar de haver ouro, prata e outros metais. Então, se tornavam mercenários para os cartagineses, pois muitos lutaram com Aníbal na Itália. Aqueles que ficavam na região formavam verdadeiros exércitos para saquear as cidades da Hispânia, ricas em produtos agrícolas e gado.
Os anos de liderança de Viriato duraram de 147aC a 139aC e os romanos batizaram este período de guerra de fogo.
Os exércitos romanos tinham de 20 mil homens a 35 mil homens e, mesmo assim, eram derrotados por Viriato que possuiu, no máximo, 10 mil homens.
Uma curiosidade sobre a liderança de Viriato é que ele usava parábolas, alegorias e exemplos para se expressar e ser mais bem entendido. Era hábil no manejo da espada curta e no arremesso da lança longa. A estratégia de Viriato era de estar sempre em movimento.
Viriato usava a tática de guerrilhas para atacar, recuava rapidamente fingindo que estava fugindo e levava os romanos para armadilhas já preparadas. Lutava durante o dia e durante a noite. A rapidez e a surpresa eram essenciais para Viriato.
No território dos lusitanos se falava uma língua indo-européia, ou seja, o lusitano que seria um dialeto com personalidade própria e muito velha com relação às outras línguas existentes na península ibérica.
Depois de tantas vitórias e tantas guerras contra os romanos Viriato assinou um tratado de paz com os romanos em 140aC, após sua vitória sobre o exército de Serviliano. Na verdade, os lusitanos já estavam cansados de tanta guerra e queriam a paz. Viriato recebeu o título pelo senado romano de amicus populi romani e foi considerado uma espécie de rei dos lusitanos, o dux Lusitanorum (chefe dos Lusitanos).
Mas os romanos só queriam ganhar tempo. Mandaram outro exército para combater Viriato e Cepião pediu embaixadores de Viriato para novamente fazer um tratado de paz, os subornou e assassinaram Viriato.
Uma observação interessante é que Júlio César demorou somente 7 anos de 58 aC a 52 aC para dominar toda a Gália, mas os romanos demoraram 200 anos para dominar a Hispânia, o que aconteceu entre 218 aC a 19 aC.
É bom lembrar que Napoleão teve muitos problemas para dominar a Península Ibérica, pois foi mais fácil dominar a Áustria, Alemanha e Itália.
O ministro das relações exteriores de Napoleão, Taillerand, foi totalmente contra a invasão da Espanha e da Rússia, que praticamente exauriram todos os recursos da França.
Camões falou de Viriato, assim como Lope de Veja e Miguel de Cervantes. Viriato foi um grande herói da liberdade assim como Vercingetorix na Gália, na luta contra os romanos. Viriato é o herói nacional de Portugal.
Plínio Thomaz
Diretor de Assuntos Hídricos da ACE-Guarulhos